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Publicada em 03 de Março de 2025 às 16:31

Retomada do Polo Naval renova esperanças no setor hoteleiro de Rio Grande

Retomada gradual do Polo Naval, que chegou a empregar 20 mil, anima setor hoteleiro

Retomada gradual do Polo Naval, que chegou a empregar 20 mil, anima setor hoteleiro

WENDERSON ARAUJO/DIVULGA??O/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
Com a assinatura do contrato para o fornecimento de quatro navios à Transpetro pelo consórcio formado pela Ecovix (controladora do estaleiro Rio Grande) e a Mac Laren, do Rio de Janeiro, além da confirmação da participação da própria Ecovix em outra licitação lançada pela estatal, as perspectivas econômicas de Rio Grande voltam a ganhar fôlego.
Com a assinatura do contrato para o fornecimento de quatro navios à Transpetro pelo consórcio formado pela Ecovix (controladora do estaleiro Rio Grande) e a Mac Laren, do Rio de Janeiro, além da confirmação da participação da própria Ecovix em outra licitação lançada pela estatal, as perspectivas econômicas de Rio Grande voltam a ganhar fôlego.
O anúncio representa um passo na retomada gradual do Polo Naval, setor que já foi responsável por empregar cerca de 20 mil pessoas entre 2012 e 2014 e que, nos últimos anos, sofreu com a estagnação e a consequente desaceleração de diversos segmentos da economia local. 
LEIA MAIS: Ecovix confirma que participará de licitação de navios gaseiros da Transpetro

No setor hoteleiro, as expectativas são altas. Proprietário do Hotel Almanara, empreendimento de médio porte no Centro de Rio Grande, Rudah Baduan acompanha de perto as movimentações em torno da indústria e vê com otimismo o futuro dos negócios. “A expectativa é grande. A cidade está aguardando essa retomada, e com certeza isso vai impactar positivamente a hotelaria. Teremos um aumento significativo de hóspedes vindos da indústria offshore”, destaca. 
Expectativa do hotel Almanara é de alta de até 30% na procura por vagas, diz Paduan | LIVIA ARAUJO/ESPECIAL/JC
Expectativa do hotel Almanara é de alta de até 30% na procura por vagas, diz Paduan LIVIA ARAUJO/ESPECIAL/JC


A experiência de Baduan no ramo hoteleiro está diretamente ligada à ascensão e à queda do Polo Naval. Em 2015, sua família inaugurou o Hotel Almanara justamente para atender à demanda crescente do setor, que havia tornado Rio Grande um dos principais centros da indústria naval no Brasil.
No entanto, o cenário mudou drasticamente com as investigações da Operação Lava Jato, que afetaram as grandes empreiteiras e a própria Petrobras e reduziram drasticamente os investimentos no setor.
O impacto foi severo para toda a economia local, especialmente para a rede hoteleira. “Foi um choque. A ocupação caiu para 50% do que era antes. Algumas redes tiveram que encerrar as atividades”, relembra. Ele revela que os quase R$ 10 milhões investidos na construção do hotel ainda não puderam ser completamente recuperados.

Agora, com a confirmação de novos negócios como o da Ecovix, Baduan estima um crescimento na taxa de ocupação dos hotéis da cidade. “Acreditamos que haverá um aumento de 20% a 30% na demanda. Esperamos até mais”, projeta. A movimentação já pode ser sentida, já que o próprio evento que marcou a retomada das construções navais no estaleiro lotou os hotéis da cidade, incluindo o próprio Almanara, que abrigou a equipe de segurança do Palácio do Planalto de sexta-feira (21) até segunda-feira (24).
Outro hotel que esgotou as vagas para a véspera do evento foi o Villa Moura, da bandeira Laghetto, a poucas quadras do Almanara, que abrigou executivos e servidores da Petrobras e da subsidiária Transpetro, vindos principalmente do Rio de Janeiro, Paraná, e da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Além da hotelaria, outros setores da economia local aguardam ansiosamente a recuperação. Raduan aponta que restaurantes, lavanderias e serviços diversos estão preparados para absorver a nova demanda. “Está todo mundo esperando há anos por essa retomada. Hoje, a cidade conta com mais de 1.500 leitos, estrutura suficiente para receber os trabalhadores e empresários que deverão chegar com a reativação do Polo Naval”, afirma o empresário.

A trajetória de Rudah Baduan e de sua família em Rio Grande é marcada pelo empreendedorismo. Descendente de imigrantes palestinos, ele nasceu no Brasil e sempre esteve envolvido com o comércio, setor em que sua família atua há décadas. Sua família chegou ao Rio Grande do Sul por volta de 1950, em busca de melhores oportunidades, e encontrou na região um ambiente propício para o trabalho e para o crescimento econômico.

Apesar dos desafios enfrentados nos últimos anos, Baduan mantém a esperança de que a cidade volte a experimentar um período de prosperidade. “Se Deus quiser, essa retomada vai acontecer. Estamos torcendo para que tudo dê certo”, conclui.

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