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Publicada em 24 de Fevereiro de 2025 às 10:34

Ecovix confirma que participará de licitação de navios gaseiros da Transpetro

O presidente Lula acompanhou a assinatura do contrato nesta segunda-feira

O presidente Lula acompanhou a assinatura do contrato nesta segunda-feira

Lívia Araújo/Especial/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
De Rio Grande
O acionista da Ecovix, José Antunes Sobrinho, confirmou, na manhã desta segunda-feira (24) em Rio Grande, que participará da concorrência para a construção de navios gaseiros para a Transpetro.
"Sem dúvida nenhuma vamos concorrer", disse Antunes, em entrevista ao Jornal do Comércio no Estaleiro Rio Grande, controlado pela Ecovix, antes da cerimônia em que a empresa e a Transpetro assinarão o contrato para a aquisição de quatro navios da classe Handy, prevista para às 10h30min. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu ao palco por volta de 12h, com 1h30min de atraso.
Para Antunes, a retomada do polo naval é fundamental para a revalorização da indústria naval brasileira, e a operação deverá gerar até 1,5 mil empregos, com 90% da obra, que durará cerca de três anos e meio, acontecendo no Estaleiro Rio Grande, e o restante realizado no estaleiro Mac Laren, em Niterói.
O presidente da Transpetro, Sergio Bassi, esclarece que a licitação dos navios gaseiros será feita em dois lotes, ou seja, ainda que a Ecovix vença a disputa, só poderá construir quatro dos oito navios objeto da concorrência.
Junto com os navios Handy e os gaseiros, Bassi afirma que a participação da Transpetro aumentará de 25% para 35% a participação da subsidiária para no afretamento de embarcações para a Petrobras. "É uma vantagem, pois é um dinheiro que vai circular internamente, aí contrário de quando acontece o frete de navios de terceiros, que agora são 75% das embarcações fretadas pela Petrobrás para o transporte de combustíveis", afirmou.
Segundo Magda Chambriard, presidente da Petrobras, os novos navios irão ampliar a capacidade de atendimento à Petrobras da Transpetro, permitindo a redução da sua exposição ao afretamento desse tipo de unidade, que tem baixa liquidez no mercado. Magda disse que a medida é “fundamental” e estima que a produção e capacidade de refino vão aumentar nos próximos anos.
Incluindo o presente contrato, além da licitação pública internacional lançada na segunda passada (17) em Angra dos Reis, que trata da aquisição de oito navios gaseiros - e que já geraram o interesse da Ecovix em participar do certame -, o programa como um todo conta com a contratação de 44 embarcações. O investimento total estimado pela presidente da estatal é de R$ 23 bilhões.
No caso do contrato desta segunda, o consórcio entre os estaleiros Rio Grande (controlado pela Ecovix) e Mac Laren (do município fluminense de Niterói) apresentou um preço final de US$ 69,5 milhões por embarcação e venceu a licitação, lançada em julho de 2024, após o cumprimento de todas as etapas do edital.
Segundo a estatal, os navios do tipo handy têm características que garantem maior eficiência energética e menor emissão de gases de efeito estufa. Como as embarcações poderão ser abastecidas com bunker ou biocombustíveis, a Petrobras estima reduzir em 30% as emissões em relação aos atuais navios da frota, atendendo às determinações da Organização Marítima Internacional (IMO). Os navios serão aptos a transportar produtos claros derivados de petróleo, como Diesel Marítimo, Diesel S10, Diesel S500 e gasolina de aviação (GAV).
Cada navio poderá ter até 161m de comprimento, 8,2m de calado e 23,4m de boca (largura), tendo uma capacidade mínima de carga de 16, 5 mil metros cúbicos, equivalente a um volume de 15 a 18 mil toneladas de porte bruto.

Evento lotou hotéis de Rio Grande na véspera

O evento contou com um grande contingente de funcionários da Transpetro, Petrobras e do governo federal, vindos do Rio de Janeiro e de cidades como Paranaguá, no Paraná, cidade que abriga a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), além da equipe responsável pela segurança da comitiva presidencial, que lotou os hotéis de Rio Grande a partir da sexta-feira (21). Na noite de domingo (23), já não havia quartos disponíveis, e alguns hóspedes queixavam-se de problemas nas reservas.
Com o contrato, o afluxo de trabalhadores do setor naval e petrolífero deve aumentar. Em 2015, durante o auge das atividades do Polo Naval, o município de Rio Grande concentrava cerca de 7,2 mil dos 8,5 mil postos de emprego do segmento no Rio Grande do Sul. Em todo o país, o setor chegou a ter 80 mil trabalhadores, mas entrou em crise com a suspensão de contratos após o início da Operação Lava Jato. Em 2022, o número de trabalhadores havia caído a pouco mais de 23 mil.
No caso de Rio Grande, o encerramento das atividades do polo trouxe um impacto significativo para a economia local. Em dezembro, logo após o consórcio Ecovix/Mac Laren vencer a primeira etapa do certame para a construção dos navios Handy, o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, celebrou a chance de retomada do complexo, salientando “a possibilidade de um novo momento de desenvolvimento, trazendo geração de muitos empregos para a região. É um passo importante para que o estaleiro volte à sua vocação, que é a construção naval”, disse à época.

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