De Rio Grande
O acionista da Ecovix, José Antunes Sobrinho, confirmou, na manhã desta segunda-feira (24) em Rio Grande, que participará da concorrência para a construção de navios gaseiros para a Transpetro.
"Sem dúvida nenhuma vamos concorrer", disse Antunes, em entrevista ao Jornal do Comércio no Estaleiro Rio Grande, controlado pela Ecovix, antes da cerimônia em que a empresa e a Transpetro assinarão o contrato para a aquisição de quatro navios da classe Handy, prevista para às 10h30min. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu ao palco por volta de 12h, com 1h30min de atraso.
"Sem dúvida nenhuma vamos concorrer", disse Antunes, em entrevista ao Jornal do Comércio no Estaleiro Rio Grande, controlado pela Ecovix, antes da cerimônia em que a empresa e a Transpetro assinarão o contrato para a aquisição de quatro navios da classe Handy, prevista para às 10h30min. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu ao palco por volta de 12h, com 1h30min de atraso.
Para Antunes, a retomada do polo naval é fundamental para a revalorização da indústria naval brasileira, e a operação deverá gerar até 1,5 mil empregos, com 90% da obra, que durará cerca de três anos e meio, acontecendo no Estaleiro Rio Grande, e o restante realizado no estaleiro Mac Laren, em Niterói.
O presidente da Transpetro, Sergio Bassi, esclarece que a licitação dos navios gaseiros será feita em dois lotes, ou seja, ainda que a Ecovix vença a disputa, só poderá construir quatro dos oito navios objeto da concorrência.
Junto com os navios Handy e os gaseiros, Bassi afirma que a participação da Transpetro aumentará de 25% para 35% a participação da subsidiária para no afretamento de embarcações para a Petrobras. "É uma vantagem, pois é um dinheiro que vai circular internamente, aí contrário de quando acontece o frete de navios de terceiros, que agora são 75% das embarcações fretadas pela Petrobrás para o transporte de combustíveis", afirmou.
Segundo Magda Chambriard, presidente da Petrobras, os novos navios irão ampliar a capacidade de atendimento à Petrobras da Transpetro, permitindo a redução da sua exposição ao afretamento desse tipo de unidade, que tem baixa liquidez no mercado. Magda disse que a medida é “fundamental” e estima que a produção e capacidade de refino vão aumentar nos próximos anos.
Incluindo o presente contrato, além da licitação pública internacional lançada na segunda passada (17) em Angra dos Reis, que trata da aquisição de oito navios gaseiros - e que já geraram o interesse da Ecovix em participar do certame -, o programa como um todo conta com a contratação de 44 embarcações. O investimento total estimado pela presidente da estatal é de R$ 23 bilhões.
No caso do contrato desta segunda, o consórcio entre os estaleiros Rio Grande (controlado pela Ecovix) e Mac Laren (do município fluminense de Niterói) apresentou um preço final de US$ 69,5 milhões por embarcação e venceu a licitação, lançada em julho de 2024, após o cumprimento de todas as etapas do edital.
Segundo a estatal, os navios do tipo handy têm características que garantem maior eficiência energética e menor emissão de gases de efeito estufa. Como as embarcações poderão ser abastecidas com bunker ou biocombustíveis, a Petrobras estima reduzir em 30% as emissões em relação aos atuais navios da frota, atendendo às determinações da Organização Marítima Internacional (IMO). Os navios serão aptos a transportar produtos claros derivados de petróleo, como Diesel Marítimo, Diesel S10, Diesel S500 e gasolina de aviação (GAV).
Cada navio poderá ter até 161m de comprimento, 8,2m de calado e 23,4m de boca (largura), tendo uma capacidade mínima de carga de 16, 5 mil metros cúbicos, equivalente a um volume de 15 a 18 mil toneladas de porte bruto.
Evento lotou hotéis de Rio Grande na véspera
O evento contou com um grande contingente de funcionários da Transpetro, Petrobras e do governo federal, vindos do Rio de Janeiro e de cidades como Paranaguá, no Paraná, cidade que abriga a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), além da equipe responsável pela segurança da comitiva presidencial, que lotou os hotéis de Rio Grande a partir da sexta-feira (21). Na noite de domingo (23), já não havia quartos disponíveis, e alguns hóspedes queixavam-se de problemas nas reservas.
Com o contrato, o afluxo de trabalhadores do setor naval e petrolífero deve aumentar. Em 2015, durante o auge das atividades do Polo Naval, o município de Rio Grande concentrava cerca de 7,2 mil dos 8,5 mil postos de emprego do segmento no Rio Grande do Sul. Em todo o país, o setor chegou a ter 80 mil trabalhadores, mas entrou em crise com a suspensão de contratos após o início da Operação Lava Jato. Em 2022, o número de trabalhadores havia caído a pouco mais de 23 mil.
No caso de Rio Grande, o encerramento das atividades do polo trouxe um impacto significativo para a economia local. Em dezembro, logo após o consórcio Ecovix/Mac Laren vencer a primeira etapa do certame para a construção dos navios Handy, o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, celebrou a chance de retomada do complexo, salientando “a possibilidade de um novo momento de desenvolvimento, trazendo geração de muitos empregos para a região. É um passo importante para que o estaleiro volte à sua vocação, que é a construção naval”, disse à época.