A taxa Selic, principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, está atualmente em 13,25%, após quatro reajustes consecutivos. A projeção de economistas indica que a taxa pode chegar a 15,25% nos próximos meses, trazendo impactos diretos para diferentes setores da economia, incluindo o comércio e a construção civil em Pelotas.
A Selic influencia diretamente o custo do crédito no país, afetando empréstimos, financiamentos e investimentos. Com a taxa mais alta, o crédito encarece, o que reduz a capacidade de compra das empresas e consumidores. Segundo Marcelo Passos, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a estratégia do governo é elevar os juros para conter a inflação e, posteriormente, reduzir a taxa de forma gradual.
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"Eu acredito que a inflação vai ceder e, em algum momento do ano, possivelmente no segundo semestre, o governo inicie um ciclo de redução", avalia Passos. Atualmente, a inflação acumulada nos últimos 12 meses no Brasil é de 4,6%, o que pressiona os preços e dificulta o planejamento financeiro de empresas e famílias.
O setor comercial é um dos mais afetados pelo aumento da Selic. O crédito mais caro dificulta a compra de mercadorias pelos lojistas, que normalmente adquirem produtos a prazo e vendem à vista. Com os juros elevados, o custo dessas operações sobe, reduzindo as margens de lucro e impactando a competitividade dos comerciantes locais.
"Comprar a prazo vai ficar mais caro porque os juros aumentaram. Vender à vista também fica mais caro porque a inflação está elevada", explica Passos. Esse cenário pode levar a uma desaceleração nas vendas e a uma possível retração do setor nos próximos meses.
Outro setor diretamente impactado pela alta dos juros é a construção civil. Em Pelotas, empreendimentos como o Parque Una e diversos condomínios estão em fase de construção, mas o aumento da Selic pode dificultar o andamento dos projetos. "As pessoas compram terrenos, iniciam construções e, no meio do caminho, os juros sobem, encarecendo o financiamento e impactando o planejamento financeiro das obras", destaca Passos. A elevação da taxa básica de juros afeta tanto os investidores quanto os consumidores finais, que enfrentam condições mais rígidas para financiar imóveis.
Apesar dos desafios para o crédito e o consumo, o cenário pode ser favorável para investidores que buscam oportunidades na renda fixa ou na Bolsa de Valores. Passos explica que o momento é ideal para quem deseja aplicar recursos a longo prazo, especialmente em ações ou títulos públicos.
"Agora é a hora de entrar na Bolsa, para quem pensa em investir como uma forma de poupança. Já para quem prefere investimentos mais conservadores, a renda fixa se torna mais atrativa, desde que o investidor segure o título até o vencimento", orienta.
A alta da Selic continua sendo um fator determinante para a economia brasileira e seus desdobramentos devem ser acompanhados pelos setores produtivos. Enquanto o Banco Central mantém a estratégia de conter a inflação, empresários e consumidores em Pelotas sentem os efeitos da política monetária no dia a dia.