O recente aumento no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras tem gerado preocupação no setor de transporte de cargas, especialmente entre os caminhoneiros autônomos. O óleo diesel, principal combustível utilizado no segmento, teve um reajuste que variou de R$ 0,06 para R$ 0,12 para as distribuidoras, mas, na prática, o impacto nos postos de combustíveis foi de aproximadamente R$ 0,30 por litro. Esse aumento, considerado abrupto por entidades do setor logístico, tem pressionado ainda mais a margem de lucro dos profissionais do setor.
Grégori Teixeira Rios, presidente da Cootracam Rio Grande, uma cooperativa de caminhoneiros autônomos que atua principalmente em áreas portuárias, como as de Rio Grande e Itajaí (SC), destacou a severidade do impacto. "Esse aumento está sendo bem severo para a nossa atividade de transporte. O mercado não assimila essa oscilação dessa forma, ainda mais quando é imputado de uma forma tão abrupta como foi feita dessa vez. A subida que nós tivemos agora no último dia primeiro na prática foi de R$ 0,30 e, de fato, é um aumento muito expressivo para a nossa atividade, e o ganho do caminhoneiro não consegue subsidiar isso", afirmou Rios.
Rios explicou que os contratos de transporte são negociados a longo prazo, o que dificulta o repasse imediato dos custos adicionais para as tarifas. "Com isso, a gente não consegue, a cada variação, repassar integralmente o impacto gerado para a tarifa. É bem difícil. Então, esse impacto, de fato, acaba saindo da margem de lucro do caminhoneiro, que já é tão justa, e quando tem uma subida com essa expressão, de fato, sai do bolso do caminhoneiro, e a gente não consegue repassar de imediato", completou.
Segundo o dirigente, o setor logístico já enfrenta desafios significativos há anos. "A gente sofre muito com a falta de produtividade, com os altos custos da nossa atividade. Da pandemia para cá, nós tivemos um impacto muito forte em todos os derivados de petróleo, e isso, mesmo depois da pandemia, nunca mais voltou ao patamar que nós tínhamos antes", ressaltou Rios.
A Cootracam, com matriz em Rio Grande e filiais em Guaíba, Navegantes e Itajaí, conta atualmente com cerca de 240 cooperados e aproximadamente 350 caminhões. A cooperativa atua em movimentações portuárias e retroportuárias, além do transporte intermunicipal e interestadual. Jorge Antonio Menestrini, um dos caminhoneiros cooperados, relatou que o aumento do diesel afeta principalmente os longos percursos. "No momento, o impacto é como todo. Na largada, ele sofre aquela queda de trabalho", lamenta Menestrini.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs) emitiu uma nota alertando que o aumento no preço do diesel resultará em custos logísticos mais elevados, o que, por sua vez, deve impactar os preços de bens essenciais, como alimentos e insumos básicos. O reajuste no valor do frete tende a ter efeitos em cascata em toda a economia, pressionando ainda mais os consumidores finais.
Enquanto isso, os caminhoneiros seguem buscando alternativas para minimizar os impactos do aumento dos combustíveis, mas a situação permanece desafiadora para um setor que já opera com margens reduzidas e enfrenta uma série de obstáculos estruturais.