Gabriel Fritsch, de Pelotas
Mesmo tendo as regiões da Serra e Campanha Gaúcha como carros-chefe na produção vitivinífera do Rio Grande do Sul, o município de Pelotas e seus arredores contam com produtores orgulhosos de variedades de mesa, que defendem seu papel como players do setor no Estado.
A Emater-RS/Ascar estima que, em 2025, a colheita de uva em Pelotas alcance 810 toneladas. Atualmente, a zona rural do município conta com 13,5 hectares cultivados com uva irrigada de mesa e 20,5 hectares destinados à produção para a indústria. Esses números refletem a importância da viticultura para a economia local, que envolve 56 agricultores dedicados ao cultivo da fruta, dos quais 39 fornecem sua matéria-prima para a indústria de vinhos e 17 para atividades comerciais.
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Na prática, a expectativa representa 0,11% das cerca de 700 mil toneladas esperadas para 2025 em todo o Estado. Ainda assim, é com empenho que os agricultores pelotenses se preparam para o início da colheita da uva, cuja abertura acontece neste sábado (1), na propriedade dos produtores Aline Kurz e de Nerviton Carniato, na colônia Santa Helena, Rincão da Cruz, 8º distrito. Tanto para os agricultores quanto para a região, a uva é um produto de grande relevância e, segundo reforçam, de qualidade.
Cariato defende a boa reputação das uvas pelotenses. "Pelo que se ouve falar, de técnicos e outros, nossas uvas aqui de Pelotas teriam mais qualidade até do que as da Serra”, gaba-se, justificando: por ser pequena a quantidade, é possível concentrar mais o cuidado, fazer mais a capricho", afirma. Em sua propriedade, a expectativa é colher entre 15 e 16 toneladas de uvas, incluindo as variedades Niágara Branca, Niágara Rosa e Bordô.
Se, diante do volume anual médio da produção gaúcha, a maior do Brasil, as 810 toneladas de uva esperadas em Pelotas para este ano, em comparação ao resto do país, o município supera a produção de nada menos que sete estados produtores em 2023. Juntos, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e Tocantins colheram 489 toneladas naquele ano, pouco mais de 60% da expectativa de um único município gaúcho em 2025, no caso, Pelotas.
A expansão da viticultura na zona rural de Pelotas também serve como uma estratégia de diversificação de culturas, vocação histórica retomada pelos agricultores para garantir estabilidade financeira. Cariato explica que, ao diversificar as suas fontes de renda, os produtores podem enfrentar melhor os desafios climáticos e econômicos. "Quanto mais você conseguir diversificar, tipo, fazer mais de uma fonte de renda, às vezes cinco durante o ano, é mais tranquilo. Tu não focas numa coisa só", reforça.
Nesse sentido, o produtor relata os impactos de eventos climáticos extremos, como o granizo que destruiu 60% de sua safra no ano passado. "Se fosse só aquilo dali, vai, seria bem complicado, mas como tu tens umas verduras daqui, umas coisas dali, umas coisas de lá, é possível atravessar o ano", acrescenta.
Eventos ajudam a comercializar a produção local
Além da abertura da safra, no sábado, a Feira Municipal Uvas de Pelotas terá início previsto para o dia 7 de fevereiro, com atividade comercial antecipada. Já no próximo domingo (2), haverá banca nas proximidades do Trapiche, no Laranjal, considerando o movimento previsto para o feriado alusivo às festividades de Iemanjá e Navegantes.
Na segunda-feira (3), as vendas se iniciarão na banca no Centro, junto ao Mercado Central. Segundo a prefeitura de Pelotas, a listagem das bancas, com endereços e dias da semana de atendimento nos bairros, será divulgada em breve.