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Publicada em 07 de Janeiro de 2025 às 13:08

Soja futura pode ser opção para garantir lucro com dólar, defende Agricampanha

Disparada do dólar american pode trazer reflexos significativos para empresas e a produção agrícola da metade Sul do RS

Disparada do dólar american pode trazer reflexos significativos para empresas e a produção agrícola da metade Sul do RS

Wenderson Araujo/CNA/divulgação/jc
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Samuel da Rosa e Lívia Araújo, especial para o JC
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A recente disparada do dólar americano, que encerrou 2024 com uma valorização de 27% em relação ao real, pode trazer reflexos significativos para empresas e a produção agrícola da metade Sul do RS. Empresários e gestores locais avaliam os desdobramentos dessa conjuntura, destacando oportunidades e desafios para diferentes setores.
No setor de agro, uma possibilidade pode ser a negociação de preços futuros de commodities, como a soja, para minimizar os prejuízos. “A alternativas, em um primeiro momento, é o produtor tentar travar um preço futuro de soja, porque também é uma commodity, então ela está atrelada ao dólar. Então a gente tenta pegar um preço de venda futuro para que possa diminuir essa diferença”, acredita André Bordin, presidente da Associação dos Agricultores da Região da Campanha (Agricampanha).
 
Antônio Carlos Bacchieri Duarte, coordenador das operações portuárias da Bianchini S/A, e diretor de infraestrutura da Federasul pontua que, do ponto de vista dos exportadores, o cenário pode ser vantajoso a curto prazo. “Muitos custos na formação dos lotes de exportação foram estabelecidos com o real mais baixo. Com o dólar nesse patamar, bons negócios são acelerados, especialmente para produtos básicos como cereais”, analisa.
Por outro lado, Bacchieri alerta para os efeitos negativos sobre as importações, fundamentais para o setor agrícola regional. “Recebemos muitos fertilizantes pelo Porto de Rio Grande, e o aumento do dólar encarece esses insumos, impactando diretamente o produtor no custo do adubo para as próximas safras”, ressalta. Duarte também destaca o efeito inflacionário da alta cambial, que afeta trabalhadores da região. “As reposições salariais não acompanham a inflação, penalizando principalmente as classes média e baixa”, conclui.
No setor comercial, Jorge Ávila, diretor comercial da rede supermercadista Peruzzo, enfatiza o impacto das commodities dolarizadas, como soja, carne de frango e outras proteínas, que influenciam o custo dos produtos no mercado interno. “Além disso, as importações de curto prazo, como vinhos, chocolates e itens de utilidades domésticas, sofrerão aumento no processo de nacionalização”, explica Ávila. Para ele, é fundamental que o governo tome medidas para mitigar os efeitos da alta do dólar. “A redução no consumo deverá pressionar a indústria a ajustar os preços, o que pode beneficiar os consumidores no longo prazo”, pondera.
Para Leonardo Nocchi Macedo, presidente da Associação Comercial e Industrial de Bagé (ACIBa), o impacto do dólar alto é amplo. “Embora torne nossas commodities mais atrativas, os insumos importados ficam mais caros, o que resulta em inflação e reduz o poder de compra das famílias.”
A disparada do dólar ocorre em um contexto de incertezas globais e instabilidades no mercado financeiro brasileiro. Especialistas refletem as análises do empresariado do Sul do RS, pontuando ganhos imediatos para exportadores e custos mais elevados para setores dependentes de importações, que se refletem na cadeia produtiva e no consumo final.
A perspectiva é de que as políticas governamentais e os ajustes empresariais desempenhem um papel crucial para equilibrar os impactos dessa alta cambial na economia regional. Na metade Sul e em outras regiões gaúchas, a preocupação é garantir que os ganhos pontuais no setor exportador não sejam anulados por pressões inflacionárias e custos elevados para os produtores e consumidores locais.

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