A possível ocorrência do fenômeno climático La Niña em janeiro e fevereiro de 2025 traz apreensão para os agricultores do Sul do Rio Grande do Sul. Com impacto direto na agricultura e na pecuária, o fenômeno é conhecido por causar períodos de seca, prejudicando o desenvolvimento das lavouras e reduzindo a produção de carne e leite na região.
O diretor regional da Emater, Rodolfo Perske, explica que as temperaturas mais baixas que o habitual em dezembro já estão influenciando negativamente o crescimento das plantas, que se desenvolvem de forma mais lenta do que o esperado. “Se a previsão do La Niña se confirmar, a falta de umidade e de chuvas causará grandes prejuízos, afetando todas as cadeias produtivas”, destaca Perske.
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Emanuel Müller, jornalista especializado em meteorologia, reforça que, embora o atual período seja de neutralidade climática, o Centro de Meteorologia e Oceanografia dos Estados Unidos (NOAA) prevê 74% de probabilidade para a formação do La Niña entre janeiro e fevereiro de 2025. “Esse fenômeno geralmente atinge seu ápice entre dezembro e fevereiro, podendo causar uma queda significativa no rendimento agrícola e pecuário da região”, afirma.
As condições climáticas adversas já acendem o alerta no setor rural. Além das perdas na produção agrícola, a pecuária também será impactada, com redução no nascimento de terneiros e menor produção de carne e leite. Os agricultores e pecuaristas da região se preparam para enfrentar os desafios trazidos pelo fenômeno, enquanto esperam por uma confirmação definitiva das previsões meteorológicas.
Sob influência do El Niño, o mundo bateu recordes sucessivos de calor. O ano de 2023 foi confirmado como o mais quente já registrado, segundo relatório divulgado pelo observatório europeu Copernicus. A temperatura média no ano passado foi 1,48 ºC mais quente do que na era pré-industrial (meados do século 19), segundo a agência. E quebrou a barreira de 1,5ºC em 12 meses, marco do Acordo de Paris, no mês passado.
A influência do El Niño ainda esteve relacionada a eventos extremos, como ciclones extratropicais no Sul e a estiagem acompanhada de queimadas na Amazônia, além das ondas de calor em várias regiões do Brasil.
Finalmente, em 2024, foi sob El Niño que as chuvas excessivas devastaram regiões inteiras do Rio Grande do Sul na primeira semana de maio, assim como em 1941, ano em que o fenômeno meteorológico também teve forte intensidade e resultou na segunda maior enchente da história, já que a inundação de 2024 foi superior.