Uma pequena queijaria de Hulha Negra, a 25km do Centro de Bagé, alcançou um marco significativo: a obtenção do Selo Arte, que habilita a venda de seus queijos para todo o Brasil. A Tambero, comandada pela historiadora Luísa Brasil, produz queijos artesanais com leite cru e características biológicas exclusivas do Pampa Gaúcho, integrando o movimento Queijos do Pampa, que valoriza a cultura e a biodiversidade da região, itens expressos no conceito de “terroir”, que também se aplica à enocultura.
Segundo a produtora, os queijos da Tambero são um reflexo do Pampa, carregando em sua essência a influência dos fungos naturais da região e o resultado de um manejo cuidadoso do rebanho. “Tratar os animais da melhor forma não é apenas uma questão ética, mas também essencial para a qualidade do leite, que é a base de um produto diferenciado”, destaca Luísa.
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A cobiçada obtenção dos selos Arte - estabelecido em 2019 -, e Queijo Artesanal, que teve início em 2022, têm aberto as portas do mercado nacional aos queijos gaúchos. Atualmente, de acordo com o Cadastro Nacional de Produtos Artesanais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), dos 128 produtos gaúchos que possuem o selo Arte, 70 são de queijos, produzidos e comercializados por 32 laticínios de todo Rio Grande do Sul, inluindo os queijos do Pampa.
Entre os produtos da queijaria está o Geada, um queijo maturado por seis meses. Com uma casca rugosa, resultado da ação de bactérias específicas do bioma, e uma combinação de fungos brancos e azuis, o Geada é um exemplo da riqueza que os queijos locais podem oferecer, reforça Luísa.
Além de criar produtos exclusivos, a Tambero integra o grupo Queijos do Pampa, formado por empreendedores de diferentes municípios, como Bagé, Santana do Livramento, Uruguaiana e Barra do Quaraí, como a Canto Queijaria e o Terroir da Vigia. O movimento não só promove o reconhecimento da produção local, mas também fomenta o turismo regional por meio de rotas que interligam as propriedades rurais e municípios do bioma Pampa.
Para ser considerado artesanal, o queijo precisa ser registrado em um serviço de inspeção, a matéria-prima ser própria ou de origem determinada, o processo ser feito por quem o domina. No caso do Selo Arte, sua obtenção envolve, além do cadastro em um serviço de inspeção, um relatório oficial comprovando o atendimento às boas práticas agropecuárias, e um memorial descritivo do produto com suas características, inscritas no órgão de inspeção estadual onde o produtor solicitou o selo.