O fim de semana que antecede o Natal trouxe um aumento no fluxo de turistas e consumidores em Aceguá, cidade na fronteira entre Brasil e Uruguai. No entanto, o impacto da alta do dólar foi sentido nas vendas dos free shops, que registraram uma queda de 40% em relação ao mesmo período natalino de 2023, apontam os lojistas da área binacional.
Ana Martínez, vendedora de um dos estabelecimentos, relembra os tempos de movimento intenso: "Nessa época, não tinha espaço. Muitas pessoas chegando de todo lugar, e a gente não dava conta. Hoje está bem menor, e o dólar impactou muito, especialmente na parte de bebidas, seguida por perfumaria e vestuário." A cotação da moeda americana estava variando entre R$ 5,78 e R$ 5,89 nas lojas da cidade.
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Mesmo com a alta cotação, turistas como o engenheiro Daisson Marques seguem visitando Aceguá, ainda que de forma mais cautelosa. "Vim conferir os preços e sentir o impacto do dólar. Provavelmente, a lista de compras será menor do que no último ano", comentou.
Para enfrentar o cenário desafiador, os free shops têm apostado em descontos que chegam a 50% em diversos setores, como alimentos, eletrônicos e perfumes. "As promoções são nossa principal estratégia para atrair consumidores, já que muitos estão economizando devido à incerteza econômica", destacou Ana Martínez.
Ainda que o movimento tenha aumentado neste período pré-natalino, o setor enfrenta incertezas sobre os rumos da economia e tenta se adaptar a uma possível nova realidade para o comércio fronteiriço. Só no mês de dezembro, a moeda norte-americana acumula alta de 4,45% em relação ao real. No ano, registra valorização de 29%.
Desde o último dia 12, foram injetados US$ 27,77 bilhões pela autoridade monetária no mercado de câmbio -maior valor já registrado em um mês. As intervenções têm contido a disparada do dólar nos últimos dias, oriunda da crescente desconfiança do mercado quanto à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas.
Foi a frustração do mercado financeiro com as medidas pelo governo federal, em 28 de novembro, para minimizar a atual crise fiscal que levou o dólar a ultrapassar a casa dos R$ 6,00 e agravou um quadro que já preocupava: o forte impacto que a moeda norte-americana vem tendo na inflação no atacado, que eventualmente chegará aos consumidores, e nas expectativas futuras de novos aumentos de preços.