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Publicada em 11 de Abril de 2025 às 19:28

Trump diz para Rússia se mexer; enviado conversa com Putin

 Foi mais um sinal de desconforto do americano com o ritmo das negociações para um cessar-fogo, que tiveram vários vaivéns, mas não chegaram a lugar algum

Foi mais um sinal de desconforto do americano com o ritmo das negociações para um cessar-fogo, que tiveram vários vaivéns, mas não chegaram a lugar algum

Alexey NIKOLSKY e NICHOLAS KAMM/AFP/JC
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Agências
No dia em que seu enviado especial para a Guerra da Ucrânia passou quatro horas e meia com Vladimir Putin, o presidente Donald Trump disse que a Rússia "tem de se mexer" para acabar com o conflito que iniciou ao invadir o vizinho em 2022. Steve Witkoff, o negociador predileto de Trump, encontrou-se com o líder russo na biblioteca presidencial de São Petersburgo, cidade natal de Putin em que ele havia anunciado antes um projeto de modernização de sua Marinha.
No dia em que seu enviado especial para a Guerra da Ucrânia passou quatro horas e meia com Vladimir Putin, o presidente Donald Trump disse que a Rússia "tem de se mexer" para acabar com o conflito que iniciou ao invadir o vizinho em 2022. Steve Witkoff, o negociador predileto de Trump, encontrou-se com o líder russo na biblioteca presidencial de São Petersburgo, cidade natal de Putin em que ele havia anunciado antes um projeto de modernização de sua Marinha.
Enquanto informações sobre o que foi debatido não transpareciam, sobrou simbolismo. A biblioteca sedia uma exposição sobre acordos diplomáticos da Rússia, e o gestual de Witkoff, agradecendo com a mão no peito quando foi recebido por Putin, sugeriu avanços nos termos do russo.
Pouco antes, contudo, Trump havia postado na rede Truth Social: "A Rússia precisa se mexer. Muita gente está morrendo, milhares por semana, numa guerra terrível e sem sentido". Foi mais um sinal de desconforto do americano com o ritmo das negociações para um cessar-fogo, que tiveram vários vaivéns, mas não chegaram a lugar algum.
Antes do encontro, Witkoff conversou com um dos negociadores principais de Putin, o chefe do fundo soberano russo, Kirill Dmitriev. Segundo a agência Reuters, eles debateram a hipótese de Trump reconhecer as quatro províncias anexadas ilegalmente pela Rússia depois da invasão de 2022, que o Kremlin não controla totalmente.
O americano saiu do encontro, que acabou por volta das 22h locais (16h em Brasília), direto para o aeroporto. Neste sábado, ele irá conduzir em Omã as primeiras negociações, pelo lado americano, com o Irã acerca do programa nuclear de Teerã. No X, Dmitriev disse apenas que "as conversas foram produtivas".

Ucrânia teme nova ofensiva

Enquanto isso, nas linhas de frente, cresce o temor em Kiev de que Putin esteja preparando mesmo uma nova ofensiva de grande porte para o verão, conforme a Folha havia adiantado. Segundo as Forças Armadas da Ucrânia disseram nesta sexta, há sinais de concentrações de tropas perto da região de Tchernihiv (norte), que chegou a ser parcialmente ocupada durante a tentativa de cerco a Kiev no começo da guerra, em 2022.
Além disso, já há uma ofensiva em curso nas regiões imediatamente a leste de lá, junto à fronteira: Sumi e Kharkiv. Ambas também foram invadidas em 2022, mas lá uma contraofensiva ucraniana expulsou os russos em setembro do mesmo ano. No ano passado, Kharkiv voltou a ser invadida e, agora, Sumi.
Os movimentos fazem parte do estabelecimento de novas realidades em solo, vistas pelo Kremlin como essenciais antes de qualquer negociação de paz: Putin quer manter tudo o que conquistou no vizinho, caso entre em conversas com Kiev.

Aliados prometem ajuda a Kiev

Em uma reunião em Bruxelas, sob os auspícios da Otan, o grupo de mais de 40 países doadores de ajuda militar à Ucrânia, anunciaram um pacote adicional de ? 21 bilhões (R$ 140 bilhões no câmbio atual) para o país, o maior até aqui.
Como em outras ocasiões, contudo, não fica claro em quanto tempo tal ajuda estará disponível e de que forma. Países, de forma individual, prometeram itens específicos, como tanques alemães. Já o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, exortou pela enésima vez seus aliados a entregarem mais sistemas antiaéreos americanos Patriot, dez no caso, ao país, mas nisso não teve resposta. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, participou virtualmente do encontro.

Acordos para minerais irrita ucranianos

Por outro lado, o governo Trump voltou à carga para pedir a devolução do que diz serem US$ 350 bilhões dados em apoio a Kiev nos três anos da guerra, no escopo do novo acordo conjunto de exploração mineral do subsolo do país.
Segundo o jornal americano The New York Times, a nova versão do arranjo, apresentada a Kiev, não menciona nenhuma garantia futura de segurança e diz que os ucranianos devem colaborar com metade de um fundo de investimentos em reconstrução do país após o conflito.
Os termos irritaram os negociadores ucranianos. Zelenski já havia dito que não "venderia o país" e que considerava o valor empregado pelos aliados uma doação, não uma dívida. As contas de Trump parecem infladas, dado que análises independentes colocam em cerca de US$ 120 bilhões o apoio americano até aqui, 56% disso em armas - o maior entre todos os disponíveis.

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