Em polvorosa, a Argentina viveu nesta quarta-feira (19) uma tensa expectativa para a marcha dos aposentados. O protesto semanal da categoria contra o corte de políticas públicas mudou de dimensão com a adesão de torcedores dos mais variados clubes do país, que se uniram nas ruas da capital Buenos Aires para defender os idosos diante da crescente repressão promovida pelo governo de Javier Milei. O ato desta semana trouxe consigo a apreensão de novos confrontos entre manifestantes e policiais nos arredores do Congresso argentino.
Torcedores de diferentes times retornaram às ruas como "guarda-costas" dos aposentados na manifestação. Na quarta passada, integrantes de torcidas de cerca de 30 clubes aderiram à causa após episódios de violência policial e, vestindo as cores de suas agremiações, marcharam ao lado dos idosos. Eles não abrem mão do exercício de cidadania, apesar do receio pela segurança após o último protesto terminar em confronto com a polícia e prisões. Balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água foram disparados contra a população. Ao todo, foram mais de 50 pessoas hospitalizadas, uma delas em situação grave - o jornalista Pablo Grillo -, e 120 detidos, além de cerca de 30 agentes de segurança feridos.
Os representantes das torcidas carregam uma bandeira que já era levantada por Diego Maradona há mais de três décadas. Em 1992, o já campeão mundial disse que tem que ser "muito cagão" para não defender os aposentados. A frase foi recuperada e está sendo tratada como um lema para os atos deste ano. A luta dos aposentados vem dos anos 1990. O povo acompanha e, por mais que não seja você passando por essa situação, existe a solidariedade. Naquela época, os aposentados estavam bastante sozinhos em suas reivindicações, e aí alguém como Maradona fez sua voz ser ouvida.
Agências