Friedrich Merz, o primeiro-ministro eleito da Alemanha, encara, nesta terça-feira (17), uma votação crucial, que pode fazer seu governo começar em um patamar inimaginável há algumas semanas. Após acordo com o SPD do atual premiê Olaf Scholz e uma difícil negociação com os Verdes, o conservador está pronto para aprovar no Parlamento o maior pacote de estímulo no país desde a queda do muro de Berlim.
Se a referência histórica dá uma ideia da envergadura do feito serve também para dimensionar o tamanho do tombo se Merz fracassar. O prognóstico, com declarada torcida de agentes econômicos alemães, é positivo, mas há riscos, como uma contestação judicial ao projeto capitaneada pela AfD, a sigla de extrema direita do país.
É a segunda ofensiva do partido populista desde que Merz lançou a ideia. Primeiro, a legenda tentou desqualificar o atual Parlamento, que tem apenas mais uma semana de vida, como palco da votação; agora, em argumentação mais prática, o partido extremista diz que o assunto não foi discutido apropriadamente pela sociedade. Também apelaram ao Tribunal Constitucional Federal os liberais do FDP e o partido A Esquerda. Uma decisão sobre as diversas ações é aguardada para hoje.
Merz propõe alterar o freio da dívida, a versão local do teto de gastos, para isentar dispêndios com defesa e um pacote excepcional de 500 bilhões de euros para a infraestrutura do país. O tema, que era uma discussão quase teórica durante as eleições, ganhou caráter de urgência após Donald Trump se propôs a forçar a Ucrânia a um acordo de paz com a Rússia.
Dias antes das eleições parlamentares na Alemanha, na concorrida Conferência de Munique, J. D. Vance antecipou o tom do debate transatlântico ao afirmar que via a repressão ao discurso dos partidos populistas, AfD à frente, como um risco maior à segurança europeia. A fala do vice-presidente americano foi recebida como ultraje por diversos líderes europeus e virou reação institucional na Alemanha.
Folhapress