A Rússia anunciou um acordo de associação estratégia, que prevê maior cooperação comercial e militar, com o Irã. O compromisso reflete a aproximação entre os dois países, adversários dos Estados Unidos, e será firmado durante a visita do presidente iraniano Massoud Pezeshkian a Vladimir Putin na próxima sexta-feira.
A Rússia e o Irã estão sob pesadas sanções do Ocidente e estabeleceram laços estreitos em vários setores, até mesmo o militar. A Ucrânia afirma que mísseis e drones iranianos foram usados nos ataques constantes à sua infraestrutura durante a guerra. Moscou e Teerã negam.
O Irã, por sua vez, quer armas russas sofisticadas, como sistemas de defesa aérea de longo alcance e jatos de combate para evitar possíveis ataques de Israel. Há muito tempo Teerã espera obter caças Sukhoi Su-35 da Rússia para atualizar sua frota envelhecida que foi prejudicada por sanções internacionais, mas só recebeu alguns jatos de treinamento Yak-130.
O chamado "Acordo Global de Associação Estratégica" abrange a cooperação econômica, comercial, energética e em questões de segurança e defesa. Embora os contornos exatos não tenham sido divulgados, o acordo tem o mesmo nome do que a Rússia assinou com a Coreia do Norte no ano passado.
O documento previa a assistência militar imediata em caso de agressão de terceiro país. E a Coreia do Norte tem mandado tropas para Kursk, região da Rússia que está sob ocupação da Ucrânia. Dados de inteligência indicam que mais de 10 mil soldados foram enviados para a batalha e estima-se que cerca de 300 morreram.
A Ucrânia acredita que, além da Coreia do Norte, a Rússia tem contado com apoio do Irã na guerra. Kiev e seus aliados acusam Teerã de fornecer drones explosivos Shahed e mísseis de curto alcance para as forças de Moscou, o que Teerã nega.
Com o acordo, o regime iraniano provavelmente espera obter promessas financeiras e de defesa de Moscou. O país se encontra com a economia em frangalhos e enfrenta pressão crescente no Oriente Médio, com o seu "Eixo da Resistência" abalado por golpes de Israel ao Hamas, na Faixa de Gaza, e Hezbollah, no Líbano.
Teerã amarga ainda uma derrota sofrida na Síria. A ditadura Bashar Assad, que há muito se mantinha com apoio do Irã e da Rússia, não resistiu a ofensiva dos rebeldes no fim do ano passado e colapsou.