Depois de mais de um ano de impasses, um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas parece estar em vias de se concretizar. Os negociadores descrevem um avanço significativo das conversas na madrugada. Alguns veículos de imprensa publicaram inclusive que um rascunho do acordo final já tinha sido enviado às partes - já aprovado por Tel Aviv e pelo grupo terrorista, de acordo com a emissora israelense Canal 12 e o portal Al-Arabiya.
A informação tinha sido negada pelo chanceler israelense, Gideon Saar, horas antes. "Israel realmente quer liberar os reféns e trabalha duro para alcançar um acordo", disse ele em meio a uma série de relatos anônimos contraditórios.
O Hamas tampouco confirmou o relato oficialmente, dizendo em comunicado apenas que a liberdade de seus prisioneiros estava próxima -um potencial tratado envolveria, além do fim dos enfrentamentos, a libertação de centenas de palestinos que Tel Aviv mantém em suas prisões, incluindo de réus condenados por terrorismo.
Em troca, a facção palestina soltaria os reféns que sequestrou no mega-ataque que foi o gatilho desta guerra e que continuam sob sua posse. Ainda de acordo com o Canal 12, os 34 sobreviventes que tiveram seus nomes incluídos em uma lista publicada na semana passada seriam libertados na primeira fase do acordo. No total, 98 das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas seguem presas na Faixa de Gaza, incluindo ao menos 36 cujas mortes foram confirmadas pelo Exército israelense.
O anúncio sucede 14 meses em que avanços nas negociações eram noticiados apenas para serem desmentidos momentos depois. Israel e Hamas se culpavam mutuamente pelo impasse, este exigindo a retirada total das tropas israelenses do território palestino, aquele se negando a fazer isso antes de desmantelar totalmente o grupo terrorista - objetivo considerado por muitos irreal.
Um fator leva a crer que desta vez o acordo sairá do papel, no entanto - a iminência da posse de Donald Trump nos EUA, marcada para o próximo dia 20. A data é considerada um prazo para as negociações na prática, em especial desde que o presidente eleito disse que os terroristas "pagariam caro" se os reféns ainda mantidos em cativeiro não fossem libertados antes de ele assumir a Casa Branca. "Os responsáveis serão atingidos de forma mais dura do que qualquer um na longa e lendária história dos EUA", escreveu na Truth Social.
O republicano é adepto das frases de efeito, mas não de dar explicações sobre elas. Assim, se o cessar-fogo de fato tomar forma dentro do prazo estabelecido por Trump, será um indício de que as partes em guerra preferiram não pagar para ver.
O futuro enviado do presidente eleito para o Oriente Médio, Steve Witkoff, juntou-se às negociações e está na região, tendo se encontrado com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no sábado, antes de voltar a Doha, onde as conversas são travadas. O conselheiro nacional de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, disse que o governo Joe Biden vem tentando demonstrar uma "frente unida" com a equipe de Trump no que se refere ao cessar-fogo.
Folhapress