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Publicada em 17 de Dezembro de 2024 às 20:02

Ciclone deixa ao menos 34 mortos em Moçambique

De acordo com o Instituto Nacional de Gestão de Riscos e Desastres, a tempestade atingiu a província de Cabo Delgado

De acordo com o Instituto Nacional de Gestão de Riscos e Desastres, a tempestade atingiu a província de Cabo Delgado

Eduardo Mendes/UNICEF/AFP/JC
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Folhapress
O ciclone Chido, que durante o fim de semana devastou o território francês de Mayotte, no Oceano Índico, deixou ao menos 34 mortos em Moçambique, anunciaram nesta terça-feira (17) autoridades do país africano.
O ciclone Chido, que durante o fim de semana devastou o território francês de Mayotte, no Oceano Índico, deixou ao menos 34 mortos em Moçambique, anunciaram nesta terça-feira (17) autoridades do país africano.
De acordo com o Instituto Nacional de Gestão de Riscos e Desastres, a tempestade atingiu a província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, no último domingo (15), matando 28 pessoas. Seis pessoas morreram nas províncias vizinhas de Nampula e Niassa e outras sete teriam morrido no país vizinho Maláui.
Imagens de drones da província de Cabo Delgado, a mais afetada em Moçambique, mostraram casas de palha arrasadas perto da praia e pertences pessoais espalhados sob as poucas palmeiras ainda de pé. O incidente se soma à crise humanitária que a região já enfrentava devido a uma insurgência islâmica.
Em Mayotte, o número de vítimas segue incerto. Em entrevista a uma rádio nesta terça, o prefeito da capital do território, Ambdilwahedou Soumaila, afirmou que pelo menos 22 pessoas morreram e mais de 1.400 ficaram feridas em decorrência do evento climático.
O balanço oficial mais recente, no entanto, fala em 21 mortos. Nenhum dos dois dá a dimensão da tragédia, segundo autoridades locais, que falam na possibilidade de centenas de mortos -número que só poderá ser verificado nos próximos dias, quando os escombros forem removidos e as estradas forem reabertas.
"O balanço será alto, muito alto", afirmou o ministro do Interior da França, Bruno Retailleau. Funcionário de mais alto escalão do governo a visitar a ilha após o ciclone, ele disse que Mayotte está "completamente devastada" e que 70% dos seus habitantes foram afetados.
Segundo Soumaila, a preocupação atual é com o caos que pode se instalar após a devastação. "A prioridade hoje é água e comida", disse o prefeito da capital da ilha. Ele citou ainda o risco de doenças e o aumento da criminalidade devido à falta de energia. "Os corpos estão começando a se decompor, o que pode criar um problema sanitário."
Retailleau anunciou que, nos próximos dias, 400 policiais devem chegar a Mayotte para reforçar a equipe de 1.600 guardas e policiais já presentes no território. Além disso, a França impôs um toque de recolher das 22h às 4h locais para evitar saques -que, segundo o ministro, ainda não ocorreram.
Patrice Latron, representante do governo de Réunion, outro território francês na região, disse que, a partir desta terça, ao menos 20 toneladas de comida e água serão enviadas em aviões para Mayotte diariamente, e que pelo menos dois navios transportariam contêineres com mantimentos no final da semana. O desastre rapidamente se transformou em um debate político sobre migração e crise climática na França, altamente polarizada.
Território ultramarino mais pobre do país europeu, a ilha se tornou um reduto para o partido de ultradireita Reunião Nacional. No segundo turno das eleições presidenciais de 2022, 60% da população local votou em Marine Le Pen.
O fenômeno é fruto da irritação de muitos dos residentes de Mayotte com a imigração ilegal e a inflação. Mais de três quartos de seus cerca de 321 mil habitantes vivem em relativa pobreza, e estima-se que cerca de um terço sejam migrantes sem documentos, a maioria dos vizinhos Ilhas Comores e Madagascar.

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