A oposição da Coreia do Sul acusou o partido no poder de orquestrar um novo golpe ao passar informalmente o poder do presidente Yoon Suk Yeol, que mergulhou o país no caos após declarar a primeira lei marcial no país desde 1980, para o primeiro-ministro, Han Duck-soo.
"Não importa como tentem justificar, a essência permanece intacta: isto é um ato ilegal e inconstitucional de uma segunda insurreição e um segundo golpe de Estado", disse nesta segunda-feira (9) Park Chan-dae, líder da principal sigla oposicionista, o Partido Democrático.
No domingo, o líder do governista PPP (Partido do Poder do Povo), Han Dong-hoon, disse que o presidente seria excluído de assuntos externos e outros assuntos de Estado e o premiê gerenciaria questões do governo.
A medida, que na prática tira Yoon de suas funções, foi tomada um dia após o presidente sobreviver a uma tentativa de impeachment. No sábado (7), 105 dos 108 deputados do PPP deixaram o plenário antes da votação pelo afastamento do presidente - a oposição precisava de 8 membros da sigla para completar dois terços da Casa e iniciar o processo.
"Sinto muito pela situação que se desenrolou desde a declaração de lei marcial", afirmou Han a jornalistas na Assembleia Nacional após liderar seu partido no processo de rejeição ao impeachment. "O PPP vai pressionar pela retirada ordeira do presidente para minimizar o caos."
"Yoon será efetivamente destituído de suas funções até se retirar, e o primeiro-ministro vai tomar conta de assuntos do governo em contato com o partido", continuou afirmando que consultaria o Partido Democrático para que o processo fosse "previsível e transparente".
Mas para Park, líder da sigla opositora, fingir que Yoon pode permanecer no cargo e delegar seus poderes ao primeiro-ministro, que não foi eleito para a Presidência, é uma "violação constitucional flagrante, sem nenhum fundamento legal" - crítica que tem sido reverberada por especialistas no sistema judicial do país.
Segundo a Constituição sul-coreana, o presidente é chefe de governo e comandante do Exército a menos que seja incapacitado ou renuncie, caso em que o poder é repassado interinamente ao primeiro-ministro até que novas eleições sejam organizadas.
Folhapress