O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu neste domingo (8) um cessar-fogo imediato e negociações entre a Ucrânia e a Rússia para acabar com o que chamou de "a loucura" da guerra no Leste europeu. As declarações de Trump levaram o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e o Kremlin a rapidamente listarem suas condições para uma eventual trégua.
Trump fez seus comentários poucas horas depois de se reunir com Zelensky em Paris, no que foi a primeira conversa presencial entre os dois desde sua vitória nas eleições nos EUA, em novembro. O republicano prometeu ao longo da campanha buscar uma resolução negociada para o conflito, mas até o momento não forneceu detalhes sobre como pretende fazê-lo.
"Zelensky e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e parar com a loucura", escreveu Trump em sua conta na rede social Truth Social no domingo, acrescentando que Kiev perdeu cerca de 400 mil soldados no conflito. "Deve haver um cessar-fogo imediato e as negociações devem começar".
"Eu conheço bem o Vladimir [Putin, presidente da Rússia]. Este é o momento dele para agir. A China pode ajudar. O mundo está esperando!", acrescentou. O número de 400 mil soldados ucranianos perdidos na guerra mencionado por Trump foi dado por Zelensky e a princípio inclui tanto os militares mortos (43 mil) quanto os feridos (370 mil).
Em outra afirmação que pode ter consequências para o conflito, Trump disse à emissora americana NBC que considera deixar a Otan, a aliança militar do Ocidente, caso os EUA não sejam tratados justamente e os demais sócios não paguem suas contas -o republicano defende que integrantes da aliança aumentem seus gastos com defesa desde o seu mandato anterior.
A Rússia, por sua vez, convocou uma teleconferência com jornalistas para comentar as falas de Trump. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que Moscou está aberta a conversas, mas que elas devem ser baseadas nos acordos alcançados em Istambul há dois anos e nas realidades atuais do campo de batalha, onde as forças russas têm avançado em seu ritmo mais rápido desde os primeiros dias da guerra, em 2022. Putin disse repetidamente que um acordo preliminar alcançado entre negociadores russos e ucranianos nas primeiras semanas da guerra e nas conversas em Istambul, jamais implementado, pode servir como base para futuras negociações.
Folhapress