O cessar-fogo entre Israel e Hezbollah no Líbano permitiu que milhares de deslocados retornassem para casa nesta quinta-feira (28). Muitos deles, no entanto, encontraram um cenário de destruição.
Ao chegar ao que restou, em um bairro na periferia de Beirute, Zubaida Amru, 37 anos, vasculhou os destroços. "Minha vida inteira estava aqui". O forno da residência estava destruído, assim como os móveis do quarto de seu falecido pai. "Não são apenas suas posses. É a maneira como você se sente andando pela sua própria casa."
No caso de Hussein Nassour, outro morador da periferia da capital, não apenas os móveis da casa foram destruídos, mas também o mercado de sua família e os prédios nas redondezas, onde viviam seus clientes. "Não vencemos. Nós perdemos", disse. "Ninguém ganhou nada com nada disso." A declaração parece uma referência ao comunicado que o Hezbollah emitiu após o acordo - um triunfo sobre Israel, na visão da facção. "A vitória de Deus, todo-poderoso, foi a aliada da causa justa", afirmou o grupo.
No Líbano, grande parte dos deslocados pelo conflito, que se arrasta há mais de um ano, estava na capital, Beirute, de onde milhares de veículos saíram em fileiras em direção ao Sul, causando congestionamento. Houve também quem retornasse ao Vale do Bekaa, no Leste do país.
Dentro dos carros, pairavam a euforia e a incerteza - eles poderiam não ter casas para onde regressar, e havia dúvidas sobre a manutenção do acordo que determinou uma trégua nos combates que deixaram quase 4 mil mortos no Líbano e cerca de 130 em Israel.
Funcionários do setor de segurança do Líbano disseram que ataques israelenses atingiram seis locais do Sul do país, onde duas pessoas teriam ficado feridas. Posteriormente, Tel Aviv disse ter bombardeado uma instalação do Hezbollah e anunciou toque de recolher noturno no Sul do Líbano.
Folhapress