O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregou simbolicamente na tarde desta terça-feira (19) a presidência do G20 para a África do Sul, em uma cerimônia no Rio de Janeiro, que também marcou o encerramento da cúpula de chefes de Estado. Oficialmente, os sul-africanos assumem o posto no dia 1º de dezembro.
Na passagem de bastão, Lula fez um balanço das atividades no Brasil e desejou sucesso ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ressaltando no discurso os laços históricos entre a América Latina e a África.
"Depois da presidência sul-africana, todos os países do G20 terão exercido pelo menos uma vez a liderança do grupo. Será um momento propício para avaliar o papel que desempenhamos até agora e como devemos atuar daqui em diante. Temos a responsabilidade de fazer o melhor", disse.
"Depois da presidência sul-africana, todos os países do G20 terão exercido pelo menos uma vez a liderança do grupo. Será um momento propício para avaliar o papel que desempenhamos até agora e como devemos atuar daqui em diante. Temos a responsabilidade de fazer o melhor", disse.
A liderança brasileira do G20 começou no dia 1º de dezembro do ano passado. No total, foram realizadas 24 reuniões de nível ministerial e outras 110 de nível técnico, em diferentes cidades brasileiras. "Voltamos a adotar declarações consensuais em quase todos os grupos de trabalho. Deixamos a lição de que, quanto maior for a interação entre as trilhas de sherpas [negociadores] e de finanças, maiores e mais significativos serão o resultado dos nossos trabalhos", disse Lula na sessão de encerramento.
Após 12 meses de reuniões técnicas e ministeriais, que culminou nos dois dias de encontros com líderes mundiais, o Brasil avalia que conseguiu emplacar sua agenda e deixou algumas marcas no bloco. A expectativa do governo Lula é que as contribuições brasileiras sejam levadas adiante, considerando que, em 2026, a presidência rotativa do bloco ficará nas mãos dos Estados Unidos, de Donald Trump.
O bloco chegou ao seu evento final, a cúpula de chefes de Estado, ainda dividido nas negociações para o comunicado final. Os principais pontos de discórdia eram as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Além disso, havia uma ofensiva argentina contra a pauta mais progressistas, em particular a menção à igualdade de gênero e empoderamento feminino.
Os delegados, orientados pelo presidente ultraliberal Javier Milei, se opunham inicialmente à menção à proposta de taxação dos super-ricos, uma das bandeiras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No fim, o presidente argentino informou que iria assinar o documento final do encontro, mas que marcaria sua oposição a trechos da declaração.
Além da questão argentina, outro tema que manteve as negociações do comunicado oficial em suspense até as últimas horas foi a questão geopolítica na Ucrânia e no Oriente Médio. O comunicado final deu um peso maior para o conflito na Faixa de Gaza e no Líbano do que para a guerra no Leste da Europa.
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Na declaração, o G20 destacou o imenso sofrimento humano e os impactos adversos causados por guerras e conflitos ao redor do mundo. Os líderes disseram ainda que existe uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e citaram a escalada no Líbano.
Folhapress