A Ucrânia promoveu na madrugada desta terça (19) o primeiro ataque com mísseis americanos de longa distância contra alvo distante na Rússia desde que o governo de Joe Biden mudou de ideia para permitir tal tipo de ação. O ataque envolveu 6 mísseis do tipo ATACMS, 5 dos quais foram derrubados, segundo o Ministério da Defesa da Rússia. Kiev ainda não fez comentários, mas blogueiros militares do país e dois analistas russos consultados pela Folha de S.Paulo confirmaram a informação.
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Ele ocorreu antes de o Kremlin divulgar o decreto alterando a doutrina nuclear russa. Agora, Vladimir Putin se reserva o direito de atacar com armas nucleares tanto quem atingir o território russo com armas convencionais quanto potências atômicas que apoiarem a ação.
A redação é um recado direto aos EUA, que segundo relatos da imprensa americana autorizou o emprego de armas como os mísseis ATCMS, que têm alcance variável entre 140 km e 300 km, dependendo da versão, em áreas que não sejam na fronteira entre os países que entraram nesta terça em seu milésimo dia de guerra.
Ela não significa que uma guerra nuclear está para ocorrer, mas coloca no papel ameaças retóricas que vinham sendo feitas há meses, visando dissuadir o apoio ocidental a esse tipo de ataque contra alvos distantes na Rússia.
Também não há a avaliação de que seja possível para Kiev mudar o rumo da guerra em solo, apesar do impacto simbólico dos ataques. A ação ocorreu contra o 67º Arsenal da Grau (Diretoria Principal de Mísseis e Artilharia, na sigla russa) em Karatchev, a cerca de 150 km da fronteira ucraniana. Segundo relatos de observadores militares, destroços e talvez um dos mísseis atingiram o arsenal, causando múltiplas explosões captadas em vídeos de moradores.
O Ministério da Defesa disse que não houve danos, apenas um incêndio causado pelos destroços do míssil danificado em voo que foi debelado, e não há vítimas relatadas. Até aqui, ataques mais distantes na Rússia eram comuns com drones de fabricação ucraniana, e usualmente visavam refinarias e bases aéreas.
Ao atacar um depósito de munição usada na guerra, o governo de Volodimir Zelenski tenta assegurar o Ocidente que não irá mirar centros populacionais, um dos temores do presidente Joe Biden. Mas os riscos assumidos pelo democrata, que entregará o cargo ao supostamente russófilo Donald Trump em janeiro, são grandes.
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Folhapress