As fortes chuvas e inundações que ocorrem na Espanha, desde 29 de outubro, deixam ao menos 158 mortos nesta quinta-feira (31), segundo a imprensa espanhola. Desses, 155 estão concentrados na região da Comunidade Valenciana, enquanto outras duas vítimas foram encontradas em Castilla-La Mancha e uma em Andaluzia.
As publicações esclarecem que um número desconhecido de pessoas continua desaparecido e pode inclusive haver mais vítimas, visto que as buscas persistem. O maior número concentrou-se em Paiporta, uma comunidade de 25 mil habitantes. O local fica perto da cidade de Valência, capital da Comunidade Valenciana. A prefeita de Paiporta, Maribel Albalat, comunicou no local o falecimento de 62 pessoas.
Segundo o balanço dado pelo serviço de emergências espanhol aos jornais El Pais e El Mundo, 1.603 incidentes foram contabilizados em chamados. As enchentes se concentram nas províncias de Sevilha. Jerez de la Frontera permanece em alerta devido a as inundações do rio Guadalete. Enchentes também afetam as populações de San Fernando e Chiclana de la Frontera.
Os portais locais também citam danos estruturais e logísticos. Ao todo, foi comunicado mais de 150 estradas afetadas, intransitáveis por chuva, veículos carregados ou sedimentos e áreas isoladas por água e deslizamentos de terra. A Secretaria de Educação da Província também suspendeu aulas pela próxima semana. Devido às tempestades, ainda, cerca de 75 mil pessoas estão sem energia elétrica em Valência. O número é menor em comparação com a última quarta-feira, que afetava 155 mil.
O presidente da Província Valenciana, Carlos Mazón, equivalente ao governador de um estado, pediu ao Ministério da Defesa também a incorporação das forças disponíveis em "terra, mar e ar". Segundo a publicação dos portais, seriam utilizadas para operações de emergências em Valência no reforço logístico e na distribuição de ajuda à população afetada. Até ao momento, o Governo mobilizou mais de 1.200 militares da UME (Unidade Militar de Emergência). O tropas do Exército, segundo comunicado, também serão enviadas na sexta-feira (1°).
Junto às inundações, a força de polícia nacional da Espanha também realizou 39 prisões por saques de lojas em zonas afetadas, aos quais foi pedido prisão preventiva.
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil emitiu comunicado, nesta quinta-feira, em que manifestou solidariedade ao povo e governo espanhol. O órgão conclamou as nações parceiras a redobrarem os esforços de adaptação aos impactos da mudança do clima, em reação à multiplicação de eventos naturais extremos. O governo segue monitorando a situação por meio dos Consulados-Gerais do Brasil na Espanha.
Os plantões dos Consulados-Gerais em Madri (+34 677 547 004) e e Barcelona (+34 659 078 057) permanecem em funcionamento também com WhatsApp. O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado pelo número +55 (61) 98260-0610.
"Veja, não é só no Brasil. Foi na Espanha agora, com uma condição sócioeconômica diferente. As pessoas ainda não acreditam nos alertas, não reagem a eles, não se preparam. São alertas de eventos que podem matar pessoas", diz José Marengo, coordenador de pesquisas do Cemaden, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.
"Choveu muito em Valência, o alerta meteorológico havia sido dado, mas colegas espanhóis relataram que o aviso do equivalente deles da Defesa Civil foi disparado muito tarde". O aviso por SMS chegou depois das 20h de terça-feira (29), quando a enxurrada já fazia estragos na terceira maior cidade espanhola.