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Publicada em 23 de Outubro de 2024 às 19:44

Veto do Brasil mantém Venezuela fora do bloco do Brics

Coube a Putin dar uma palavra de apoio ao aliado venezuelano

Coube a Putin dar uma palavra de apoio ao aliado venezuelano

Alexander NEMENOV/AFP/JC
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Folhapress
Após muito suspense, os chefes de Estado e de governo do Brics fecharam a lista de 13 países que serão convidados a integrar o bloco como parceiros. A Venezuela, apesar da pressão dos anfitriões russos e da presença de última hora do ditador Nicolás Maduro na cúpula em Kazan, ficou de fora.
Após muito suspense, os chefes de Estado e de governo do Brics fecharam a lista de 13 países que serão convidados a integrar o bloco como parceiros. A Venezuela, apesar da pressão dos anfitriões russos e da presença de última hora do ditador Nicolás Maduro na cúpula em Kazan, ficou de fora.
É uma vitória da diplomacia brasileira, após ter sido atropelada pelo processo que ampliou o número de membros plenos do Brics de quatro para nove na reunião de 2023, na África do Sul. O encontro que acaba nesta quinta-feira (24) na Rússia é o primeiro com a nova composição, que foi impulsionada pela China.
Coube ao anfitrião e aliado de Maduro, Vladimir Putin, dar uma palavra de apoio ao ditador. "Nós apoiamos seus esforços para se unir ao Brics", disse durante reunião bilateral com o venezuelano.
O governo do presidente Lula (PT), o único líder ausente da reunião de ontem por ter batido a cabeça numa queda doméstica, era contrário à entrada de Maduro no clube desde que se desentendeu com o antigo aliado devido à documentada fraude das eleições presidenciais de julho.
A queda de braço havia começado na véspera, quando as equipes negociadoras fecharam o texto da declaração final da cúpula, a ser aprovado pelos presidentes e premiês presentes. A lista de países parceiros foi fechada em 12 nomes, sem incluir Caracas.
A relação não será divulgada oficialmente, para evitar estresses políticos como a desistência da Argentina de entrar na expansão e a adesão algo porosa da Arábia Saudita, que enviou um diplomata secundário para Kazan e não se manifestou nos encontros.
Isso também dá margem de manobra para uma eventual mudança na teoria, mas negociadores consideram que a questão da Venezuela foi superada na reunião dos premiês e presidentes, onde Lula foi representado pelo chanceler Mauro Vieira.
Foram selecionados para convite ao bloco na América Latina: Cuba e Bolívia, países próximos da Rússia e da China, mas também do Brasil. Completavam a lista: Tailândia e Vietnã, Malásia e Indonésia, Belarus e Turquia, Nigéria e Uganda, além de Uzbequistão e Cazaquistão, um grupo diverso do ponto de vista regional e político.
Tudo parecia encaminhado quando os sinais de mais uma virada de mesa, como ocorrera em 2023, se avolumaram. O assessor presidencial russo Iuri Uchakov, por exemplo, foi à TV dizer que eram na realidade 13 países escolhidos, sem dizer quais.
Ao mesmo tempo, desembarcava em Kazan o ditador venezuelano, que tanto não era esperado que havia enviado sua vice, Delcy Rodrigues, já na segunda-feira. No aeroporto, fez loas à "era de cooperação e paz" que os Brics ensejavam, como se já estivesse no bloco. A relação dele com Putin é antiga, e Moscou tem nos venezuelanos um de seus mais importantes aliados geopolíticos, pela posição no quintal estratégico dos Estados Unidos.
Ao fim, o décimo terceiro elemento era a Argélia. No ano passado, o país do Norte da África quase foi incluído na expansão, mas havia um nó com o vizinho Marrocos, seu rival. Sem saber como escolher um sem melindrar o outro, os dois ficaram de fora. Agora, Argel superou a resistência que os Emirados Árabes Unidos tinham pelo fato de serem parceiros dos marroquinos no processo de paz de países sunitas com Israel, ora travado pela guerra no Oriente Médio.
 

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