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Publicada em 21 de Outubro de 2024 às 19:40

No Brics, China e Índia ensaiam acordo por fim à disputa na região do Himalaia

Evento marca o início da 16ª reunião que está sendo realizada na Rússia

Evento marca o início da 16ª reunião que está sendo realizada na Rússia

JOAQUIN SARMIENTO/AFP/JC
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Folhapress
Após quatro anos de tensão, China e Índia chegaram a um acordo para colocar fim à disputa em sua fronteira na região do Himalaia. O anúncio ocorre às vésperas do encontro de seus líderes na reunião do Brics em Kazan (Rússia), que marca uma tentativa de normalização na relação das rivais nucleares.
Após quatro anos de tensão, China e Índia chegaram a um acordo para colocar fim à disputa em sua fronteira na região do Himalaia. O anúncio ocorre às vésperas do encontro de seus líderes na reunião do Brics em Kazan (Rússia), que marca uma tentativa de normalização na relação das rivais nucleares.
O acordo visa regrar o patrulhamento das regiões da chamada linha de controle real, que marcam parte da fronteira de 3.488 km entre os dois países. Pequim ganhou uma guerra contra Nova Déli em 1962, e desde então crises estouram pontualmente.
A mais recente foi em 2020, quando 20 soldados indianos e quatro chineses morreram numa escaramuça bizarra, com paus e pedras, na belíssima região montanhosa de Ladakh. Dois anos depois, houve novos embates.
O anúncio foi feito pelo principal burocrata da chancelaria indiana, Vikram Misri, e ainda não foi comentado pelos chineses. O premiê Narendra Modi e o líder Xi Jinping estarão à mesa no jantar de gala oferecido por Vladimir Putin em Kazan nesta terça.
O evento marca o início da 16ª reunião dos Brics, bloco que incluía originalmente também o Brasil e, desde 2010, a África do Sul. Ela é a primeira após a maior expansão do grupo, com a chegada do Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito. A Arábia Saudita é tratada como membro, mas não enviou lideranças.
Há a expectativa de os dois líderes se reunirem separadamente, mas nenhuma das duas delegações confirmou isso até aqui. O relaxamento das tensões não irá encerrar os motivos fulcrais de rivalidade entre os países, cujas populações somam 2,8 bilhões dos 8 bilhões de humanos.
A Índia segue sua busca por assertividade amparada no bônus demográfico de uma enorme população jovem. É potência nuclear com grandes capacidades convencionais, e consegue ser parceira dos Estados Unidos no grupo anti-China Quad enquanto segue como cliente privilegiada de petróleo e armas de Putin, maior aliado de Pequim.
Não condenou a invasão russa da Ucrânia, como fez o Brasil, seu parceiro de Brics, embora ambos concordem em não adotar sanções que não sejam determinadas pelo Conselho de Segurança da ONU. A reforma do órgão, aliás, era um dos temas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iria levantar na cúpula, à qual agora ele só vai participar por vídeo devido à queda que o deixou de molho em Brasília.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, chegou a Kazan na tarde desta segunda (manhã no Brasil) para representar Lula. "A participação do Brasil é sempre igual", disse, minimizando o prejuízo ao status da delegação.
Brasil e Índia tentam navegar de forma autônoma, com graus de sucesso distintos. Já a China é a potência emergente do século 21, em oposição ao poder estabelecido de Washington na Guerra Fria 2.0.
Pequim também é a principal parceira do arquirrival da Índia, o Paquistão. Praticamente não há projeto de infraestrutura e de cooperação militar de Islamabad sem a participação chinesa.
 

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