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Publicada em 24 de Setembro de 2024 às 11:35

Planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos e metas negligenciadas, diz Lula na ONU

Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula criticou o negacionismo do aquecimento global

Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula criticou o negacionismo do aquecimento global

ANGELA WEISS/AFP/JC
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Agência Estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (24) que o planeta está "farto" de acordos climáticos que não são cumpridos e de metas de redução das emissões de carbono que são "negligenciadas". As declarações foram dadas durante a abertura do Debate Geral da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (24) que o planeta está "farto" de acordos climáticos que não são cumpridos e de metas de redução das emissões de carbono que são "negligenciadas". As declarações foram dadas durante a abertura do Debate Geral da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
LEIA TAMBÉM: Lula diz que mundo caminha para 'fracasso coletivo' e pede reforma da ONU

Pela tradição, todos os anos o presidente brasileiro é a primeira autoridade estrangeira a discursar no evento. Lula criticou o negacionismo do aquecimento global e ressaltou que 2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna.

"Em tempos de polarização, expressões como desglobalização se tornaram corriqueiras. Mas é impossível desplanetizar nossa vida em comum. Estamos condenados à interdependências da mudança climática", declarou o líder brasileiro.

"O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos, está cansado de metas de redução de carbono negligenciadas, do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega", emendou Lula, na ONU.

O presidente citou furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na Europa para exemplificar como as mudanças climáticas têm afetado o mundo inteiro. "O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global", afirmou.

'Precisamos fazer mais', diz Lula sobre queimadas no Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a atuação de seu governo nos incêndios que se alastraram pelo País. Durante a abertura do Debate Geral da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o petista disse que o Palácio do Planalto "não terceiriza responsabilidades", mas reconheceu que é preciso fazer mais para combater as queimadas.

O discurso de Lula foi permeado pela defesa de ações contra a mudança climática. O presidente brasileiro afirmou que seu governo também luta contra quem "lucra com a degradação ambiental" e criticou o garimpo ilegal e o crime organizado.

"No Sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941, a Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos, incêndios florestais se alastraram pelo País e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto", declarou Lula, se referindo à tragédia climática no Rio Grande do Sul e às queimadas em várias áreas do País.

"O meu governo não terceiriza responsabilidades e nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer muito mais", emendou o petista.

Lula disse que o Brasil reduziu o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e prometeu erradicá-lo até 2030. O presidente defendeu que não é admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas e outras comunidades tradicionais.

"Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada na bioeconomia. O Brasil sediará a COP 30 em 2025 convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a mudança climática. Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio", disse Lula.

Presidente brasileiro critica investimento em armamentos de guerra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o uso da força sem amparo no direito internacional está se tornando "regra" no mundo e criticou o investimento em armamentos de guerra, recursos que em sua visão poderiam ser voltados para combater a fome e a mudança do clima. O brasileiro cobrou que a Organização das Nações Unidas (ONU) adote "meios necessários" para enfrentar as mudanças internacionais.

"Andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes. Nem mesmo com a tragédia da covid-19 fomos capazes de nos unir em torno de um tratado sobre pandemia na Organização Mundial da Saúde (OMS). Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional", disse o presidente na Assembleia Geral da ONU.

Lula afirmou que o mundo vive "momentos de crescentes angústias", citando a escalada de conflitos bélicos e consequente aumento de gastos na área. "O ano de 2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram US$ 2,4 trilhões", comentou.

Em sua visão, tais recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima. "O que se vê é o aumento das capacidades bélicas, o uso da força sem amparo no direito internacional está se tornando regra", comentou.

O presidente brasileiro citou alguns conflitos que têm potencial de se tornarem generalizados. "Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz", disse. Segundo ele, está "claro" que nem Ucrânia nem Rússia conseguirão atingir seus objetivos pela via militar.

"Criar condições para retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento", acrescentou, pedindo a abertura de um processo de diálogo e o fim das "hostilidades".

Lula também citou os conflitos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e a expansão "perigosa" dos combates ao Líbano. "O que começou com uma ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes tornou-se uma punição coletiva de todo o povo palestino."

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