Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 16 de Setembro de 2024 às 19:18

Netanyahu deve demitir ministro da Defesa de Israel em manobra no gabinete

Mudança faria parte de uma alteração maior no governo israelense

Mudança faria parte de uma alteração maior no governo israelense

LEO CORREA/AFP/JC
Compartilhe:
Folhapress
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aumentou a fritura do seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e deve demitir o rival político do cargo nos próximos dias, segundo relatou a imprensa do país nesta segunda-feira (16). A medida faria parte de uma dança das cadeiras ministerial para que Netanyahu consiga manter o apoio de parlamentares ultraortodoxos e possa permanecer no poder.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aumentou a fritura do seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e deve demitir o rival político do cargo nos próximos dias, segundo relatou a imprensa do país nesta segunda-feira (16). A medida faria parte de uma dança das cadeiras ministerial para que Netanyahu consiga manter o apoio de parlamentares ultraortodoxos e possa permanecer no poder.
Segundo o jornal Times of Israel, o principal cotado para substituir Gallant é Gideon Sa'ar, ex-aliado de Netanyahu que fazia parte do partido governista Likud até 2020. Outra opção é tornar Sa'ar ministro das Relações Exteriores — o atual chanceler, Israel Katz, seria o novo titular da Defesa.
Gallant, militar aposentado, é rival de Netanyahu no Likud, e divergências entre os dois vêm aumentando nos últimos meses. O ministro pressiona o governo a aceitar um acordo com o Hamas para libertar os reféns ainda em poder do grupo terrorista na Faixa de Gaza. Netanyahu insiste que só aceitará um cessar-fogo após a destruição completa do Hamas, um objetivo que especialistas militares dizem ser impossível a curto prazo.
Além das discordâncias políticas entre os dois, Gallant se tornou um problema para a coalizão que mantém Netnayahu no poder — o ministro da Defesa é contrário a uma lei que isenta judeus ultraortodoxos do serviço militar obrigatório. Em junho, o Supremo Tribunal de Israel decidiu que essas pessoas devem ser recrutadas assim como outros homens israelenses.
Se a legislação que cria novas exceções para os ultraortodoxos não for aprovada, parlamentares desse grupo religioso podem abandonar a coalizão do premiê, implodindo o governo e forçando Netanyahu a convocar novas eleições.
Assim como Gallant, Sa'ar, cotado como seu substituto, também é um crítico contumaz do primeiro-ministro. Em 2022, ele chegou a dizer que não aceitaria um cargo no gabinete de Netanyahu, afirmando que seria um governo que "sobreviverá apenas por meio de negociações políticas e não será focado no bem-estar da população. Não faremos parte disso".
Entretanto, Sa'ar tem posições parecidas com a do primeiro-ministro em questões como a necessidade de maior ação militar contra o Hezbollah no Líbano, e é a favor da legislação que poupa ultraortodoxos do serviço militar.
O possível novo ministro da Defesa, assim como Netanyahu, também é contrário à solução de dois Estados para o conflito e a favor da anexação formal da Cisjordânia ocupada. Sa'ar já insinuou que uma possível resolução da disputa na região seria a expulsão dos palestinos para a Jordânia, sendo a favor de diminuir o tamanho da Faixa de Gaza após o fim da guerra com o Hamas — o território palestino já é um dos mais densamente povoados do mundo.
As notícias sobre a possível demissão de Gallant geraram reações da oposição e de familiares de reféns israelenses. O líder opositor Benny Gantz disse que Netanyahu dá mais atenção para "politicagem no governo do que para a vitória contra o Hamas, a volta dos reféns, a guerra com o Hezbollah". Um grupo que reúne as famílias dos sequestrados também criticou a eventual saída do ministro, dizendo que Sa'ar já afirmou que um acordo com o Hamas seria equivalente a uma rendição e defendeu o uso de força militar para libertar os reféns.
Gallant ficou conhecido por dizer, no início do conflito atual entre Israel e o Hamas, que seu país enfrentava "animais humanos" e foi a favor de um cerco completo a Gaza, proibindo a entrada de comida e água.

Notícias relacionadas