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Publicada em 05 de Setembro de 2024 às 15:54

Nicarágua envia 135 presos políticos à Guatemala em nova onda de deportação

Acordo de libertação ainda teve envolvimento dos Estados Unidos

Acordo de libertação ainda teve envolvimento dos Estados Unidos

Johan Ordonez/AFP/Reprodução/JC
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Folhapress
A ditadura da Nicarágua enviou mais 135 presos políticos à Guatemala nesta quinta-feira (5), em mais uma onda de deportação do regime comandado por Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo.
A ditadura da Nicarágua enviou mais 135 presos políticos à Guatemala nesta quinta-feira (5), em mais uma onda de deportação do regime comandado por Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo.
"Os Estados Unidos saúdam a liderança e generosidade do governo da Guatemala por concordar graciosamente em aceitar esses cidadãos nicaraguenses", afirmou, em um comunicado, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos Jake Sullivan ao falar sobre o acordo que permitiu a libertação dos detidos.
Ainda não se sabe quem são os recém-libertados, mas a nota fala em estudantes, católicos leigos e 13 membros da organização missionária evangélica Mountain Gateway, sediada no Texas.
Segundo Sullivan, os agora ex-detidos poderão usar o programa Safe Mobility, iniciativa para refugiados e migrantes do presidente Joe Biden, para recomeçarem a vida em território americano. "Os EUA mais uma vez pedem ao governo da Nicarágua para que cesse imediatamente a prisão arbitrária e detenção de seus cidadãos por meramente exercerem suas liberdades fundamentais", diz o comunicado.
Trata-se da segunda grande expulsão de presos políticos do país em um ano e meio. Em fevereiro de 2023, Ortega libertou 222 pessoas, incluindo importantes jornalistas, políticos e até mesmo antigos parceiros de guerrilha que lutaram ao seu lado durante a Revolução Sandinista, que derrubou a ditadura da família Somoza no final da década de 1970.
Ao inaugurar a prática de deportação de adversários, no ano passado, Ortega aprovou uma lei para permitir a perda de nacionalidade de nicaraguenses considerados "traidores da pátria" — punição vetada pela Constituição do país até então. Não se sabe se a regra será aplicada aos presos políticos libertados agora, e o regime ainda não se manifestou sobre o assunto.
Segundo um comunicado conjunto de Guatemala e EUA, a libertação se deu após meses de negociação entre Washington e Manágua. Agora, diz a nota, os dissidentes terão acesso a alimentação, hospedagem, assistência médica e apoio psicológico promovidos por organizações humanitárias e autoridades guatemaltecas e americanas.
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, deu as boas-vidas aos "irmãos nicaraguenses" em uma publicação na rede social X. "Nosso país mostrou sua firme convicção democrática, que rechaça rotundamente as ameaças de retrocesso autoritário. Hoje reafirmamos esse compromisso", disse ele.

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