O Exército de Israel afirmou nesta quarta-feira (28) que "eliminou nove terroristas armados" em ataques a quatro cidades no norte da Cisjordânia. A ação, que ocorreu em paralelo à guerra do país contra o Hamas na Faixa de Gaza, foi descrita pelas forças israelenses como uma "operação antiterrorista" de grande porte. Incluiu bombardeios aéreos e incursões de comboios blindados a várias localidades.
O Crescente Vermelho afirma que foram dez, não nove, o número de palestinos mortos na região à noite — dois em Jenin; quatro em município próximo, após o bombardeio de um carro; e quatro no campo de refugiados Al-Faraa, perto da cidade de Tubas.
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Segundo a entidade, que afirmou existirem ainda 15 feridos, quase todos os corpos foram levados para hospitais. As exceções são dois irmãos de 13 e 17 anos que morreram no ataque ao campo de refugiados.
A operação na Cisjordânia pode "agravar seriamente uma situação já catastrófica" no território palestino, disse a Organização das Nações Unidas (ONU). "Israel, como potência ocupante, deve cumprir as suas obrigações de acordo com o direito internacional", declarou a porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, em comunicado.
Incursões das tropas de Tel Aviv a zonas autônomas palestinas na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, eram frequentes desde antes da guerra em Gaza.
Mas a invasão da faixa, desencadeada após os atentados do Hamas contra o sul de Israel que deixaram pelo menos 1.200 mortos, também intensificou a violência na Cisjordânia. Nas últimas semanas, as operações se concentraram no norte do território, onde os grupos armados que lutam contra Israel são mais ativos.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, interrompeu uma visita à Arábia Saudita para retornar à Cisjordânia nesta quarta-feira e "acompanhar o desenrolar da agressão israelense", informou a agência oficial palestina Wafa.
Uma contagem da agência de notícias AFP baseada em dados disponibilizados pela ANP indica que mais de 650 palestinos morreram na região em decorrência de ações do Exército ou de colonos israelenses desde o 7 de outubro. Já o Estado judeu calcula que tenha havido 20 mortes de israelenses no território ao longo do mesmo período.
O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, justificou a operação desta quarta em uma publicação na rede social X. Ele afirmou que a ação visava a desmobilizar uma suposta frente terrorista que o Irã pretendia implementar na Cisjordânia, "seguindo o modelo de Gaza e do Líbano" — ambos controlados por aliados de Teerã, o primeiro pelo Hamas e o segundo, parcialmente, pelo Hezbollah.
Também nesta quarta, Tel Aviv anunciou ter matado, em um ataque de drone, mais quatro supostos terroristas quando estes iam da Síria para o Líbano. Segundo as forças, todos os mortos faziam parte do Jihad Islâmico, outra facção de Gaza. Um deles seria Faris Qasim, coordenador de operações do grupo na Síria e no Líbano. Nenhuma das duas organizações palestinas comentou o caso.
Houve também novos avanços dos tanques israelenses sobre Khan Yunis, além de ataques a toda a Faixa de Gaza. Autoridades locais, ligadas ao Hamas, afirmam que pelo menos 34 palestinos morreram nos confrontos desta quarta.
Eles se somam aos mais de 40 mil palestinos mortos durante a guerra, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Além disso, a maioria dos 2,3 milhões de habitantes que a faixa registrava antes do conflito foi deslocada dezenas de vezes e enfrenta grave escassez de alimentos e de remédios.
Folhapress