Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 23 de Agosto de 2024 às 19:34

Robert F. Kennedy Jr. suspende campanha à presidência e anuncia apoio a Trump

Candidato independente entende que poderia influenciar briga entre Trump e Kamala

Candidato independente entende que poderia influenciar briga entre Trump e Kamala

Olivier Touron/AFP/Reprodução/JC
Compartilhe:
Agência Estado
O candidato independente à presidência dos Estados Unidos Robert F. Kennedy Jr. suspendeu a campanha e declarou apoio Donald Trump. Em discurso nesta sexta-feira (23), ele anunciou que vai retirar o nome das cédulas em dez estados decisivos por acreditar que a sua presença poderia favorecer Kamala Harris.
O candidato independente à presidência dos Estados Unidos Robert F. Kennedy Jr. suspendeu a campanha e declarou apoio Donald Trump. Em discurso nesta sexta-feira (23), ele anunciou que vai retirar o nome das cédulas em dez estados decisivos por acreditar que a sua presença poderia favorecer Kamala Harris.
Durante campanha em Las Vegas, o candidato republicano reagiu ao apoio: "Isso é grande".
Herdeiro de uma dinastia democrata na política americana, ele acusou o partido de "abandonar a democracia", aprofundando o afastamento de parte da família. Cinco irmãos de Kennedy disseram em nota divulgada nas redes sociais que o apoio a Trump "é uma traição aos valores que nosso pai [Bobby Kennedy] e nossa família mais prezam".
Kennedy disse que não pode pedir às pessoas que mantenham o apoio a ele quando não tem um "caminho real para a Casa Branca". A decisão foi antecipada na petição que pedia a retirada do candidato independente nas cédulas da Pensilvânia, citando o apoio a Donald Trump.
O porta-voz da campanha chegou a negar o endosso ao republicano antes da confirmação pelo próprio Kennedy. "Em cerca de 10 estados decisivos onde minha presença seria um fator de divisão, vou retirar meu nome, e já comecei esse processo e peço aos eleitores que não votem em mim", disse em Phoenix, no Arizona — Donald Trump discursa no estado nesta sexta-feira.
Em conversas privadas com a campanha republicana, Kennedy chegou a discutir o papel que poderia ter em um eventual governo de Donald Trump, em caso de vitória nas eleições de novembro. Publicamente, ele disse que tomou a decisão de "cortar o coração" atraído pelas posições de Trump sobre liberdade de expressão e guerra na Ucrânia.
Kennedy fez uma campanha que combinava retórica econômica populista, tendências de política externa isolacionista e ceticismo em relação ao governo. Ele encontrou uma base de apoio tanto entre eleitores independentes quanto entre democratas e republicanos desiludidos, mas foi caindo nas pesquisas à medida que as eleições se aproximam.
Ele começou sua campanha presidencial no ano passado como democrata, buscando desafiar o presidente Joe Biden pela indicação do partido. Embora costume reivindicar para si o legado do pai Robert F. Kennedy e do tio, o ex-presidente John F. Kennedy, boa parte da família criticou a decisão e apoiou Biden.
Quando encontrou seu caminho bloqueado — algo que ele atribuiu ao Partido Democrata —, Kennedy embarcou na campanha independente que inquietou democratas e republicanos, preocupados com a divisão dos votos.
Nos últimos meses, a campanha de Kennedy concentrou-se quase exclusivamente em participar da disputa: como candidato independente à presidência, ele teve que entrar nas cédulas de votação de cada estado separadamente, o que exigia muito dinheiro e assinaturas. O esforço foi financiado em grande parte pela companheira de chapa Nicole Shanahan, rica investidora do Vale do Silício, que colocou US$ 14 milhões na campanha.
À medida em que começou a entrar nas votações estaduais, no entanto, caía nas pesquisas — tendência que é frequentemente observada entre candidatos de terceiros partidos e independentes quando as eleições se aproximam. A intenção de voto em Kennedy, que chegou aos dois dígitos, estava em torno dos 5% em agosto. Além disso, os registros financeiros mostram que a campanha começou a ficar sem dinheiro.
Advogado ambiental, Kennedy tornou-se mais conhecido nas últimas duas décadas como crítico da obrigatoriedade de vacinas, promovendo alegações amplamente refutadas de que os imunizantes infantis causariam autismo e criticando o que ele chamou de "captura corporativa" do governo federal pelas empresas farmacêuticas.
Na campanha, ele se opôs à ajuda dos EUA à Ucrânia, apoiou a guerra de Israel em Gaza e defendeu o fechamento da fronteira com o México. Quanto ao aborto, Kennedy mudou de posição várias vezes, eventualmente defendendo restrições ligadas à viabilidade fetal.

Notícias relacionadas