As forças da Ucrânia explodiram, nesta segunda-feira (19), a terceira ponte sobre o rio Seim, em Kursk, região no Sul da Rússia que invadiram de forma surpreendente há duas semanas. A ação visa fortalecer uma linha defensiva dentro do território russo, mas também pode indicar a perda de capacidades de Kiev para continuar no ataque. Desde a semana passada, Kiev não divulgou mais avanços que eram contados em quilômetros quadrados.
Ao explodir as pontes, os ucranianos tentam evitar a chegada de reforços russos, usando o rio como barreira natural e materializando aquilo que o presidente Volodimir Zelensky chamou de zona tampão para proteger a província ucraniana de Sumi, vizinha de Kursk.
A destruição da estrutura foi confirmada pelo Comitê Investigativo da Rússia, em Moscou. No primeiro ataque, na última sexta, o governo disse que foram empregados pela primeira vez mísseis de artilharia americanos lançados pelo sistema Himars - adicionando mais uma camada simbólica à primeira invasão do território russo desde a Segunda Guerra Mundial.
Nesta segunda, Zelensky afirmou no Telegram que "estamos atingindo nossos objetivos", uma frase clássica do rival Vladimir Putin na guerra. Na véspera, ele havia baixado a barra das expectativas, dizendo que só queria estabelecer o tal tampão. Soa como diversionismo: Sumi pode ser atacada de várias outras formas.
Tudo indica que o presidente quis mudar a narrativa de Putin de que a ação em Kursk visa apenas dar uma ficha para Kiev negociar em eventuais conversas sobre o fim da guerra. Ela foi reforçada por um dos principais assessores de Zelensky, Mikhailo Podoliak, que disse exatamente isso na sexta.
Os próximos dias permitirão observar se o gás dos ucranianos acabou. Analistas sugeriam que o objetivo da ação poderia ser o cerco de Belgorodo, a importante capital da região homônima vizinha a Kursk, que está particularmente vulnerável por dois lados.
Mas trata-se de um grande centro urbano com 400 mil pessoas, bem mais complexo de atacar do que os vilarejos pelos quais blindados ucranianos passaram desde o dia 6 de agosto. Segundo a agência Tass, só em Kursk 121 mil pessoas já deixaram suas casas.
Folhapress