O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (15), que ainda não reconhece o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, como vitorioso nas eleições realizadas dia 28 de julho. "Ainda não. Ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo", disse Lula ao ser questionado se reconhecia o resultado do pleito.
"As urnas na Venezuela, quando você vota em uma máquina eletrônica como aqui, tem um tíquete; aquele tíquete é colocado em uma urna. Então, você tem o voto eletrônico e você tem a urna. O que nós queremos é que o Conselho Nacional que cuidou nas eleições diga publicamente quem é que ganhou nas eleições, porque até agora ninguém disse quem ganhou", disse Lula em entrevista à Rádio T, em Curitiba, no Paraná.
Atas eleitorais em posse dos partidos que apoiam o governo da Venezuela foram entregues ao Tribunal Supremo de Justiça do país. A campanha do candidato Edmundo González publicou na internet atas eleitorais que estão em posse dos partidos que o apoiam, que indicam uma vitória de González.
"Tem que apresentar os dados, agora os dados têm que ser apresentados por algo que seja confiável. O Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição, poderia ser, mas ele [Maduro] não mandou [as suas atas] para o conselho, ele mandou para a Justiça, para a Suprema Corte dele", disse Lula, afirmando que não pode julgar a atuação da Suprema Corte de outro país.
O presidente brasileiro defendeu que seja estabelecido um governo de coalização no país vizinho, com participação da oposição, ou ainda, que novas eleições sejam convocadas. Maduro estará na Presidência até o dia 10 de janeiro de 2025, data marcada para que o vencedor do pleito assuma o novo mandato.
"Muita gente que está no meu governo não votou em mim e eu trouxe todo mundo para participar do governo", disse Lula, lembrando a coalização de partidos que apoiaram a sua eleição em 2022. "Se ele [Maduro] tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições", acrescentou.