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Publicada em 06 de Agosto de 2024 às 19:57

'Açougueiro de Khan Yunis' é o novo líder do Hamas

Uma semapa após a morte de  Ismail Haniyeh, o seu substituto foi escolhido nesta terça-feira

Uma semapa após a morte de Ismail Haniyeh, o seu substituto foi escolhido nesta terça-feira

JUNI KRISWANTO/AFP/JC
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Folhapress
Uma semana depois do assassinato em um atentado do chefe político do Hamas, o grupo terrorista palestino anunciou ter escolhido como substituto para a função Yahya Sinwar, 61 anos, mais conhecido como "o açougueiro de Khan Yunis".
Uma semana depois do assassinato em um atentado do chefe político do Hamas, o grupo terrorista palestino anunciou ter escolhido como substituto para a função Yahya Sinwar, 61 anos, mais conhecido como "o açougueiro de Khan Yunis".
É uma referência dupla à sua cidade de origem, na Faixa de Gaza, e à fama de ser extremamente violento e radicalizado. Ele foi, ao lado do líder militar Mohammed Deif, morto em um ataque israelense em julho, o arquiteto do atentado de 7 de outubro do ano passado, que levou à guerra atual na região.
Sinwar tem grande influência, até por ter ficado em Gaza em condições adversas, enquanto seu antecessor, Ismail Haniyeh, cultivava uma fama relativamente mais moderada e vivia no exílio no Catar.
Na prática, o palestino morto em Teerã na madrugada de quarta (31) era o principal chefe da organização que comanda Gaza desde 2007. Sinwar derrotou, na disputa interna, Khaled Mashal, que foi chefe político, mas com menos poder, antes de Haniyeh.
É uma vitória para o Irã. Apesar de diversos relatos de que a liderança da teocracia em Teerã ficou contrariada com o 7 de outubro, por não ter sido informada de seus detalhes, ele está mais alinhado aos aiatolás e constantemente faz elogios públicos aos aliados.
Mashal, por sua vez, é visto como uma figura mais próxima por outro aliado do Hamas, a Turquia, país onde alguns dos membros de seu politburo, a cúpula política, moram. A escolha foi feita pelo colegiado, que tem 15 assentos, em consulta com a nebulosa shura (conselho) do Hamas.
Uma liderança radicalizada é essencial para o Irã no grave momento em que são decididos os detalhes sobre como a teocracia e seus aliados libaneses do Hezbollah, todos apoiadores do Hamas, vão retaliar Israel devido à morte de Haniyeh e de um comandante da milícia xiita.
Sinwar começou a frequentar prisões israelenses em 1982. Ingressou no Hamas no ano de fundação do grupo, 1987, e passou ganhou fama por ser especialmente duro não só nos ataques terroristas contra o Estado judeu, mas também naquilo que considerava ser correto implantar como disciplina teocrática islâmica entre os seus.
Acabou condenado por quatro mortes em 1989, pegando prisão perpétua. Mostrou-se muito capacitado, falando hebraico fluente, o que lhe valeu boa vontade no tratamento e cirurgia de um câncer no cérebro. Em 2011, foi incluído na maior troca de prisioneiros da história israelense, quando mais de mil palestinos presos foram soltos pela liberdade do soldado Gilad Shalit.
Observadores dizem que Sinwar foi o responsável pela aproximação tática do Hamas com o governo de Benjamin Netanyahu, convencendo o premiê em 2018 de que estava cansado de guerrear e preferia focar na gestão de Gaza. Israel viu nisso uma oportunidade de dividir ainda mais a liderança palestina e deu carta-branca para a entrada de recursos, que ao fim serviram para comprar armas usadas no 7 de outubro.
Sinwar assume um grupo destroçado, com várias de suas lideranças operacionais e políticas mortas. Como irá tocar a negociação pelos mais de cem reféns ainda em mãos do Hamas, um número incerto deles morto, é uma questão importante, mas que no momento está suplantada pelo risco de uma guerra regional.
O novo líder discordava das conversas conduzidas pelo antecessor, segundo os sempre obscuros relatos da política palestina. Segundo a mídia israelense, ele só não foi morto ainda porque vive cercado por reféns em esconderijos de Gaza.

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