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Publicada em 01 de Agosto de 2024 às 18:44

Israel divulga morte de chefe militar do Hamas; Irã e Hezbollah fazem ameaças

Anúncio ocorre em meio a funerais de outros líderes do grupo terrorista

Anúncio ocorre em meio a funerais de outros líderes do grupo terrorista

ANWAR AMRO/AFP/JC
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Folhapress
Um dia depois do ataque que matou Ismail Haniyeh, o líder do Hamas em Teerã, o governo de Israel anunciou nesta quinta (1º) a morte do chefe da ala militar do grupo terrorista da Faixa de Gaza. Mohammed Deif morreu, segundo o Estado judeu, em um bombardeio no mês passado.
Um dia depois do ataque que matou Ismail Haniyeh, o líder do Hamas em Teerã, o governo de Israel anunciou nesta quinta (1º) a morte do chefe da ala militar do grupo terrorista da Faixa de Gaza. Mohammed Deif morreu, segundo o Estado judeu, em um bombardeio no mês passado.
"As Forças Armadas de Israel anunciam que, em 13 de julho de 2024, caças atacaram uma área de Khan Yunis e, após uma avaliação de inteligência, confirmou-se que Mohammed Deif foi eliminado no ataque", disse o Exército. Dezenas de palestinos foram mortos na ação.
O Hamas não confirmou — nem negou — o anúncio, mas tudo aponta para a veracidade do episódio. Com isso, Tel Aviv aperta ainda mais o cerco sobre o grupo que lançou o maior ataque da história do país, em 7 de outubro do ano passado, levando à guerra atual.
O planejamento da ação que deixou 1.200 mortos e mais de 250 reféns é atribuído a Deif e a Yahya Sinwar, o chefe do Hamas em Gaza, que ainda está na região. Haniyeh, por sua vez, vivia no exílio no Catar desde 2019.
A divulgação também dobra a aposta contra a aliança de grupos anti-Israel centrada no Irã, palco da morte de Haniyeh — que, embora não tenha havido confirmação oficial, é amplamente atribuída aos israelenses. Discussões sobre a retaliação já estão em curso.
No funeral do líder do Hamas, o chefe supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, jurou vingança pela morte do aliado. O mesmo foi visto em Beirute durante o enterro do chefe operacional do grupo Hezbollah, bancado por Teerã e aliado do Hamas e outros, como os houthis, do Iêmen.
"A resistência só pode responder. Isso é definitivo. Estamos procurando uma resposta real, não uma resposta figurada", disse o líder do grupo libanês, o xeque Hassan Nasrallah, em frente ao caixão do comandante Fuad Shukr, morto por um ataque aéreo admitido por Israel na última terça-feira (30), horas antes do que vitimou Haniyeh.
A cadeia de eventos coloca o risco de uma conflagração geral no Oriente Médio em níveis não vistos desde abril, quando o Irã lançou drones e mísseis contra Israel devido ao assassinato de militares seus em Damasco, na Síria.

Líder Respeitado

Nesse contexto, o anúncio atrasado da morte de Deif não é uma nota lateral. Além do papel no 7 de outubro, o terrorista foi responsável por dezenas de mortes em ataques ao longo de 30 anos contra Israel. Também era visto como pai da rede de túneis que permite resistência por parte do Hamas, mesmo após 300 dias de combates em Gaza.
Ele era protegido de Yahya Ayyash, conhecido como "O Engenheiro", um fabricante de bombas morto quando Israel plantou explosivos em seu celular, em 1996. Perdeu uma perna e um braço num bombardeio há 20 anos, o que elevou sua condição mítica entre os membros do Hamas.
Os detalhes acerca de sua vida pessoal são escassos. Os serviços de inteligência de Isarel dizem que ele nasceu na década de 1960 em Khan Younis, e que seu nome verdadeiro era Mohammed Diab Ibrahim al-Masri. Mas só.
O anúncio de sua morte ocorreu enquanto Haniyeh e Shukr eram velados em meio a multidões, elevando ainda mais a tensão na região. Quando elencou na véspera vitórias militares recentes de Israel, o premiê Benjamin Netanyahu disse que o país tinha de se preparar para dias desafiadores à frente.
Já nesta quinta, o ministro da Defesa Yoav Gallant, voltou a dizer que o país está preparado para a ampliação da guerra, seja ao norte com o Hezbollah, ou mesmo com o Irã. Ele disse que a morte de Deif mostra que "o Hamas está se desintegrando" e instou os combatentes restantes em Gaza a se render. A combinação de fatores parece sugerir que o governo Netanyahu pretende reduzir a intensidade da guerra naquela região e, de fato, pagar para ver a aposta contra seus outros adversários regionais.
O papel dos EUA em tudo isso ainda é incerto: o premiê israelense esteve, na semana passada, com o presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e o candidato republicano Donald Trump. Desde então, Israel abandonou a retórica em favor de um cessar-fogo com o Hamas e promoveu os ataques desta semana.
Antes deles, outros líderes do grupo também haviam sido assassinados. O vice de Haniyeh, Saleh al-Arouri, foi morto em um ataque de drone em Beirute em janeiro. Em março, Israel disse ter matado Marwan Issa, o outro comandante do braço militar do Hamas, conhecido como Brigadas Al-Qassam, e vice de Deif.

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