Uma grande troca de prisioneiros entre a Rússia e países do Ocidente está em andamento envolvendo o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich, que foi libertado da custódia russa. A Turquia anunciou que mediou a troca entre Moscou e outros seis países em um acordo que envolve 26 pessoas.
Gershkovich e um ex-soldado dos EUA, Paul Whelan, ambos acusados de espionagem pelas autoridades russas, estão entre os prisioneiros soltos por Moscou, segundo o governo turco. O opositor russo Ilya Yashin também será envolvido na troca, assim como o cidadão alemão Rico Krieger, preso em Belarus. O russo Vadim Kresikov, que está preso na Alemanha, deve retornar a Moscou como parte do acordo.
Mediação Turca
O governo da Turquia apontou nesta quinta-feira (1º), que mediou o acordo de troca de prisioneiros. Segundo o governo turco, a operação envolve 7 países: Rússia, Estados Unidos, Alemanha, Polônia, Noruega, Eslovênia e Belarus.
O serviço de inteligência da Turquia, a Organização Nacional de Inteligência (MIT, na sigla em turco), estabeleceu o diálogo entre os países para a troca. "As partes foram reunidas na Turquia em julho de 2024 com a organização do MIT, que utiliza efetivamente a diplomacia de inteligência", acrescentou. A capital Ancara apontou que coordenou o processo desde o inicio das negociações até o "último momento" em que as trocas foram realizadas.
De acordo com a CNN americana, três russos presos nos EUA estão sendo preparados para a troca. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que ainda não era o momento de se manifestar sobre o acordo.
Histórico
Gershkovich foi preso em março de 2023 enquanto trabalhava na cidade de Ecaterimburgo e foi sentenciado no mês passado a 16 anos de prisão por espionagem. Ele se declarou inocente, e tanto o Wall Street Journal quanto o governo dos EUA rejeitaram as acusações e as classificaram como absurdas.
Uma possível troca tem sido cogitada há meses, com longas discussões nos bastidores envolvendo vários governos, e poucos detalhes chegando ao domínio público. Muitos analistas vincularam a prisão inicial de Gershkovich a uma política russa que equivale a tomar reféns, com o objetivo de aumentar a pressão sobre os países ocidentais para liberar espiões, hackers e assassinos russos.
Na última quarta-feira (31), dois espiões russos "ilegais" presos na Eslovênia foram julgados em Liubliana, condenados ao período em que ficaram presos e expulsos do país. Uma fonte com conhecimento do caso disse ao Guardian que os dois seriam incluídos na troca.
Acordo
Em um comunicado online, a Radio Free Europe/Radio Liberty, um meio de comunicação financiado pelos Estados Unidos, apontou que a jornalista Alsu Kurmasheva, que tem cidadania russa e americana, também estaria envolvida na troca de prisioneiros. Kurmasheva foi condenada em julho por espalhar informações falsas sobre os militares russos. Ela nega as acusações, assim como a Radio Free Europe.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, colocou a garantia da libertação de americanos detidos injustamente no exterior no topo de sua agenda de política externa.