Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 25 de Julho de 2024 às 21:45

Sob clima tenso, Venezuela escolhe seu presidente neste domingo

Maduro e Urrutia se enfrentam diante de muita tensão no país

Maduro e Urrutia se enfrentam diante de muita tensão no país

/Federico PARRA/AFP/JC
Compartilhe:
Folhapress
Com as pesquisas de intenção de voto indicando que Nicolás Maduro tem chances reais de ser derrotado, o ditador de 61 anos vem fazendo algumas ameaças ao processo eleitoral e aos críticos de seu comportamento autoritário. A mais grave das declarações foi que o país deve sofrer um "banho de sangue" caso não vença o pleito deste domingo.
Com as pesquisas de intenção de voto indicando que Nicolás Maduro tem chances reais de ser derrotado, o ditador de 61 anos vem fazendo algumas ameaças ao processo eleitoral e aos críticos de seu comportamento autoritário. A mais grave das declarações foi que o país deve sofrer um "banho de sangue" caso não vença o pleito deste domingo.
Seu principal adversário e favorito a vencer é o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, que lidera a corrida presidencial com mais de 50% das intenções de voto, enquanto Maduro conta com cerca de 20%. Além deles, outros oito candidatos estão na disputa. Dentro deste cenário, o governo autoproclamado socialista enfrenta neste domingo seu maior desafio em 11 anos no poder.
A menos de três dias de eleições presidenciais, Urrutia pediu que os militares ajudem a assegurar um processo democrático e confirmou que seu plano de governo só será apresentado pós-votação, algo atípico.
"Confiamos que nossas Forças Armadas façam a vontade do nosso povo ser respeitada", disse ele logo no início de seu discurso a jornalistas internacionais durante encontro na capital, Caracas. A frase chama a atenção em especial num país como a Venezuela, onde a era chavista, nos últimos 25 anos, pregou uma "união cívico-radical".
O candidato estava acompanhado de María Corina Machado, a líder opositora que foi inabilitada para concorrer a cargos públicos mas mobiliza multidões pelo país. Questionada sobre a possibilidade de privatização da PDVSA, a gigante de petróleo venezuelana que voltou a ser estatizada ainda antes do período chavista, ela indicou que esse é o plano. Ainda assim, não esclareceu em qual modelo se daria.
A dupla lamentou ainda que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil tenha desistido de enviar seus dois observadores após Maduro afirmar, sem provas, que as eleições brasileiras não são auditadas enquanto ele participava de um comício.
Urrutia disse que isso é um "mau sinal". Pouco depois, sem mencionar o Brasil ou qualquer outro país, María Corina disse que governos que antes tiveram afinidade com Maduro, "por diversas razões, hoje estão exigindo que neste processo se contem os votos".
Enquanto isso, Maduro aposta no voto jovem nesta reta final de campanha. No decorrer dos últimos meses, Maduro buscou aumentar sua participação nas redes sociais, transmitir a imagem de homem forte e fazer com que seu rosto com o tradicional bigode, a sua marca registrada, apareça em um cartaz a cada meia dúzia de passos nas vias públicas da capital e dos arredores.
Maduro sabe que goza de uma parcela considerável de rejeição, avaliada em mais de metade da população em levantamentos independentes recentes. Nem de longe tem a aura que emanava de Hugo Chávez (1954-2013), a quem substituiu no Palácio de Miraflores.
Nele é possível ver um pequeno Nicolás que sonhava em ser jogador profissional de beisebol, esporte mais popular da Venezuela, e chamava seus amiguinhos de covardes quando não aceitavam seus planos. É o mesmo termo que usa contra opositores e que empregou para se referir a quem optava por não votar no contestado plebiscito que no fim do ano passado reivindicou a soberania sobre Essequibo, rica região petrolífera da Guiana.
Os cartazes dessa campanha, aliás, ainda estão intocados na estação de metrô de Petare. Se a estratégia de reivindicar o território, como avaliam os analistas, era fazer crescer sua popularidade pelo nacionalismo local, Maduro se frustrou. O tema praticamente não aparece nessa campanha eleitoral.
 

Notícias relacionadas