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Publicada em 26 de Junho de 2024 às 18:50

Militares tentam dar golpe de Estado na Bolívia

Policiais tomaram conta da praça em frente à sede do governo

Policiais tomaram conta da praça em frente à sede do governo

AIZAR RALDES/AFP/JC
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Folhapress
Militares das Forças Armadas da Bolívia tentaram dar um golpe de Estado no país nesta quarta-feira (26) e tomaram a praça onde fica o palácio presidencial, em La Paz, com soldados liderados por um general destituído do cargo na terça adentrando o prédio.
Militares das Forças Armadas da Bolívia tentaram dar um golpe de Estado no país nesta quarta-feira (26) e tomaram a praça onde fica o palácio presidencial, em La Paz, com soldados liderados por um general destituído do cargo na terça adentrando o prédio.
O presidente boliviano, Luis Arce, denunciou por meio das redes sociais o que chamou de "mobilização irregular" de unidades do Exército, enquanto o ex-presidente Evo Morales convocou uma "mobilização nacional pela democracia".
Vídeos que circulam na internet mostram um blindado do Exército se chocando contra a entrada do palácio presidencial e soldados entrando no prédio. Antes disso, tropas foram vistas marchando pelas ruas da capital. De acordo com a agência de notícias Reuters, Arce disse que exigiu que as tropas sejam desmobilizadas.
O general Juan José Zúñiga, que lidera a tentativa de golpe e que foi destituído do cargo de comandante do Exército na terça, disse que "por enquanto" reconhece Arce como chefe das Forças Armadas, mas que haverá uma troca ministerial no governo.
"Os três chefes das Forças Armadas viemos expressar nossa discordância. Vai haver um novo gabinete de ministros, com certeza as coisas vão mudar, mas nosso país não pode continuar desse jeito", disse Zúñiga à mídia local.
De acordo com o jornal boliviano El Deber, Zúñiga entrou no palácio, conversou com Arce e depois saiu do prédio. O veículo argentino Clarín afirma que Arce ordenou que Zúñiga se retirasse. Tropas dispararam bombas de gás contra pessoas que tentaram entrar na praça, e o ministro de Obras Públicas da Bolívia, Edgar Montaño, disse ao Clarín não saber o paradeiro de Arce.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luís Almagro, condenou a movimentação do Exército, dizendo que a Força "deve se submeter ao controle civil legitimamente eleito".
Zúñiga foi removido do cargo depois de uma série de ameaças contra Evo Morales, antigo aliado de Arce - os dois se afastaram nos últimos anos. O general vinha dizendo que Evo "não pode mais ser presidente desse país", fazendo alusão a uma suposta ingerência do ex-presidente no governo.
"Caso cheguemos a isto", disse Zúñiga em uma entrevista nesta segunda, "não permitirei que pisoteie a Constituição, que desobedeça o mandato do povo". Afirmou ainda que "as Forças Armadas são o braço armado do povo, o braço armado da pátria".
Evo respondeu que ameaças desse tipo não tem precedente na democracia e pressionou o governo Arce, dizendo que se a fala não fosse desautorizada pelo presidente e pelo ministro da Defesa, "estará comprovado que na verdade estão autorizando um autogolpe".
Ontem, Evo convocou apoiadores a uma "mobilização nacional pela democracia" contra "o golpe de Estado encabeçado pelo general Zúñiga" e convocou uma greve geral com bloqueio de rodovias. "Não permitiremos que as Forças Armadas violem a democracia e intimidem o povo".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que solicitou ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para entrar em contato com autoridades da Bolívia antes de tomar uma posição a respeito da situação no país vizinho.
Lula afirmou ainda que quer que "a democracia prevaleça" e disse que "golpe nunca deu certo".
 

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