As Forças Armadas israelenses abriram uma investigação para apurar um possível "mal funcionamento técnico" em uma ou mais bombas usadas num ataque dirigido contra alvos do Hezbollah no Sul do Líbano no sábado, mas que podem ter resultado na destruição da casa na qual vivia a brasileira Fatima Boustani, com quatro filhos, na cidade de Saddikine, a aproximadamente 5 km da fronteira com Israel.
As forças israelenses dizem ter realizado "um ataque contra um centro de comando e controle militar do Hezbollah na área de Saddikine, no Sul do Líbano", ou seja, nas mesmas localidade e data em que a brasileira foi ferida. Por causa de uma suposta falha, o ataque pode ter ocorrido "em uma área diferente do alvo designado" e, por isso, "o incidente está sob análise".
A cidade em que a família vive fica numa região a partir de onde o grupo extremista libanês Hezbollah tem realizado ataques contra cidades israelenses, usando mísseis e foguetes. Um desses ataques provocou na segunda (3) um incêndio que levou 48 horas para ser controlado e consumiu 15 km², obrigando o governo de Israel a remover 70 mil pessoas de sua faixa de fronteira.
No Brasil, o Itamaraty protestou com "indignação" contra o ataque que atingiu a cidadã brasileira, pedindo a Israel "máxima contenção" em suas ações. A nota da chancelaria, porém, não responsabilizava expressamente Tel Aviv pelo ocorrido. Dizia que o episódio havia ocorrido "no contexto de ataques das Forças Armadas israelenses no sul do Líbano, e do Hezbollah no Norte de Israel.".
Desde o início do conflito com o Hamas, em 7 de outubro, a Procuradoria de Justiça Militar de Israel já abriu pelo menos 70 investigações formais por crimes de guerra possivelmente cometidos por suas forças. Além disso, o país está sendo julgado na Corte Internacional de Justiça por uma denúncia de genocídio contra os palestinos, feita pelo governo da África do Sul.
Em outra frente, o TPI (Tribunal Penal Internacional) analisa um pedido de prisão feito no dia 20 de maio pelo procurador do tribunal, Karim Khan, contra o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, por privar palestinos de alimentos, como um método de guerra. Na mesma solicitação, Khan pediu a detenção de três líderes da facção terrorista Hamas.
Folhapress