A cinco meses da eleição, o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva para limitar a entrada de imigrantes pela fronteira com o México. O fluxo, que atingiu patamares recordes nos últimos anos, é um dos principais pontos fracos do democrata, na visão do eleitorado.
O texto promulgado nesta terça-feira (4) permite que pedidos de asilo sejam negados caso a média diária de entrada de imigrantes supere 2,5 mil em um intervalo de sete dias. O limite é muito inferior à média recente -em abril, por exemplo, foram 4.300 travessias por dia. Exceções são abertas para crianças desacompanhadas e pessoas em situação de crise humanitária.
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A ordem, que vem sendo descrita na imprensa norte-americana como "fechar a fronteira", é uma mudança radical em relação à política migratória defendida por Biden durante a campanha de 2020 e ao longo de quase todo seu mandato.
Enquanto candidato, o democrata prometeu afrouxar a abordagem rígida de Donald Trump, marcada por aumento das exigências para pedidos de asilo, separação das crianças de seus pais e um aumento de 52% nos procedimentos para deportação do ano fiscal de 2016 (iniciado em outubro) ao de 2019.
A eclosão da pandemia, em 2020, levou a um aperto ainda maior das restrições, fazendo o número de travessias pela fronteira despencar. Ao assumir a Casa Branca, Biden revogou uma série de exigências e práticas do governo Trump e tornou mais acessível a entrada no país para aqueles que chegam por postos de entrada. De 2021 a 2023, houve 6,3 milhões de encontros de autoridades americanas com imigrantes na fronteira Sul do país.
O democrata também criou um programa específico que permite a entrada condicional de cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos caso um residente dos EUA aceite apoiá-los financeiramente. Até novembro do ano passado, 300 mil pessoas entraram nos EUA por esse caminho, de acordo com o Instituto de Política Migratória.
Em resposta, estados que fazem fronteira com o México, como o Texas, começaram a enviar ônibus e aviões com imigrantes para bastiões democratas, como Nova York, Chicago e a Califórnia. O fluxo levou membros do próprio partido de Biden a pressioná-lo para enrijecer a segurança na fronteira.
Na campanha para voltar à presidência, a política migratória de Biden é um dos alvos favoritos de Trump. Em discursos, o republicano promete fazer um recorde de deportações caso seja eleito, acusa imigrantes de "envenenarem o sangue da nação" e associa, sem provas, o aumento do fluxo à criminalidade.
Folhapress