O Itamaraty começou a esvaziar embaixadas na África, contrariando discurso do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que seu terceiro mandato seria marcado por reaproximação e reforço de laços com países do continente.
Ao menos nove diplomatas que estão em postos no continente africano já foram comunicados que terão de voltar ao Brasil até o meio do ano. Isso deve representar metade dos que estão há mais de seis anos no exterior.
O Itamaraty quer que os diplomatas retornem, principalmente, por causa da organização de grandes eventos como a cúpula do G-20, em novembro, e da reunião dos Brics e da COP-30, em 2025. Segundo o ministério, a lista deve ser publicada no dia 14 de maio.
A notícia não agradou diplomatas e embaixadores no continente, que se preocupam com a diminuição das representações na África. A título de comparação, um deles diz que, em postos maiores, como Paris, um diplomata pode representar 10% da equipe, mas significa às vezes metade de uma embaixada africana.
Por lei, um diplomata pode ficar até dez anos trabalhando fora do Brasil, desde que, passados os seis primeiros, os quatro restantes sejam em postos na classificação dos que ficam na África.
Procurado, o Itamaraty afirmou discordar da ideia de que a política de remoção prejudicará a representação no continente africano. A pasta citou uma portaria publicada em março na qual se abrem exceções para quem quiser continuar fora do Brasil após os seis anos iniciais em lei cumpridos.
Folhapress