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Publicada em 19 de Março de 2024 às 15:19

Milei completa 100 dias de governo desafiado por crise de segurança

Presidente destaca avanços na economia, mas pobreza aumentou

Presidente destaca avanços na economia, mas pobreza aumentou

JUAN MABROMATA/ AFP/JC
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Agência Estado
O governo do presidente Javier Milei completa 100 dias nesta terça-feira (19), exaltando conquistas na economia, mas com um agravamento da crise de segurança pública na Argentina. A inflação dá sinais de enfraquecimento graças a um duro ajuste que também provocou o aumento da pobreza e afetou o setor do consumo.
O governo do presidente Javier Milei completa 100 dias nesta terça-feira (19), exaltando conquistas na economia, mas com um agravamento da crise de segurança pública na Argentina. A inflação dá sinais de enfraquecimento graças a um duro ajuste que também provocou o aumento da pobreza e afetou o setor do consumo.
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A piora da criminalidade abriu um novo flanco de problemas para Milei resolver. Nas últimas semanas, a cidade de Rosário tem vivido uma escalada sem precedentes de violência, com criminosos matando aleatoriamente e toques de recolher espontâneos. A crise em Rosário já tem mais de dez anos, mas vem piorando desde o ano passado em meio a disputas pelo comércio de droga.

Analistas dizem acreditar que a crise em Rosário começou após uma medida da ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que endureceu regras dentro das prisões, como visitas íntimas. No começo do mês, viralizou a imagem de detentos algemados no chão cercados por agentes fortemente armados na penitenciária de Piñero, famosa por manter nomes conhecidos do narcotráfico de Rosário. Na imprensa argentina, a foto foi comparada à política de encarceramento em massa de Nayib Bukele em El Salvador, nome que Bullrich e Milei já elogiaram.

A medida provocou reações dos grupos criminosos, que parecem ter se unido em uma vingança generalizada. Depois de matar dois taxistas e um motorista de ônibus com tiros na cabeça, os grupos criminosos penduraram um cartaz em uma ponte avisando que continuariam "matando inocentes". Logo depois, mais uma morte: Bruno Bussanich, de 25 anos, levou três tiros enquanto trabalhava em um posto de gasolina no dia 9, à noite.

A morte de Bruno provocou comoção, com Milei, Bullrich e a vice-presidente Victoria Villarruel prestando homenagens nas redes sociais. Após o episódio, Bullrich viajou para Rosário, onde montou um comitê de crise.

Agora, um grande destacamento da Força Nacional está instalado na cidade e deve colaborar com a polícia local para realizar atividades de segurança. O problema é que a medida repete a fórmula de Alberto Fernández no ano passado que se mostrou inócua. "Não se vê nenhuma mudança estrutural e sistêmica na estratégia, o que se vê é uma questão mais comunicacional para demonstrar que certas ações estão sendo feitas e se está seguindo uma estética meio Bukele", afirmou Marco Iazzetta, professor de Ciência Política e pesquisador de violência na Universidade Nacional de Rosario (UNR).

Teste

Na campanha, Milei se limitou a dizer que é defensor de uma política linha-dura na área da segurança e trouxe o tema em todos os debates, citando o caso de Rosário diretamente. O convite a Bullrich para integrar seu governo na pasta de Segurança reforçou a promessa. Mas, diferentemente da economia, que foi o motor de seu nome nas eleições, sua real política de segurança é um mistério.

"Não houve uma atenção direta ao problema do narcotráfico desde que o governo assumiu, e agora Milei apenas reage", observou o cientista político do observatório Pulsar da UBA Facundo Cruz. "É um problema que, de alguma maneira, o governo precisa atender, porque foi parte da sua plataforma eleitoral. No entanto, isso não parece ser uma das prioridades atualmente", disse ele.

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