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Publicada em 12 de Março de 2024 às 16:38

Desafio da aliança vencedora em Portugal é formar governo sem a ultradireita

André Ventura, presidente do Chega, voltou a pressionar publicamente a Aliança Democrática

André Ventura, presidente do Chega, voltou a pressionar publicamente a Aliança Democrática

ANDRE DIAS NOBRE/AFP/JC
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Folhapress
O presidente da República de Portugal começou a se reunir, nesta terça-feira (12), com os líderes políticos com assento partidário, dando início formal ao processo de consultas para a formação do novo governo. O chefe de Estado receberá uma sigla por dia, sendo a última a Aliança Democrática (AD), vencedora das eleições de domingo (10). A sustentação partidária para o futuro Executivo, contudo, ainda é um desafio.
O presidente da República de Portugal começou a se reunir, nesta terça-feira (12), com os líderes políticos com assento partidário, dando início formal ao processo de consultas para a formação do novo governo. O chefe de Estado receberá uma sigla por dia, sendo a última a Aliança Democrática (AD), vencedora das eleições de domingo (10). A sustentação partidária para o futuro Executivo, contudo, ainda é um desafio.
Somadas, as legendas de direita obtiveram maioria no próximo Parlamento, conquistando 59,7% das vagas já definidas. O crescimento, no entanto, foi puxado sobretudo pelo partido de ultradireita Chega, com quem as demais siglas - a Iniciativa Liberal (IL), além da AD - já descartaram se entender para a formação do governo.
A exclusão da terceira força política mais votada complica significativamente o arranjo do Executivo à direita. A sigla populista obteve mais de 18% dos votos e garantiu 48 deputados, quadruplicando as dimensões da atual bancada, que tinha 12 representantes. A AD conquistou 79 deputados, enquanto os liberais elegeram 8 representantes. Sem o Chega, a direita soma por enquanto 87 assentos: três a menos que os partidos de esquerda.
Ainda há quatro mandatos parlamentares em jogo - a apuração dos votos dos portugueses que vivem no exterior ainda não terminou -, mas os próprios partidos já contam com a continuação de um cenário político indefinido.
Em seu discurso de vitória, o líder da AD e presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, afirmou que iria "cumprir as promessas" da campanha, reafirmando a intenção de não incorporar a ultradireita. Ao reconhecer a derrota, o líder socialista, Pedro Nuno Santos, afirmou que não iria inviabilizar um governo da AD aprovando uma moção de censura, mas deixou claro que a direita não deveria contar com os votos do Partido Socialista (PS) para governar.
Na avaliação da cientista política Paula Espírito Santo, professora da Universidade de Lisboa, o mais provável é que a viabilidade do governo de Montenegro "passe muito por uma negociação caso a caso das medidas, das leis e do Orçamento, com cada partido no Parlamento, incluindo o PS". Segundo ela, se o isolamento das demais siglas em relação ao Chega se confirmar, o poder de ação da ultradireita ficaria mais limitado. "Vai ter peso, porque é o terceiro maior partido, mas, sozinho, acaba por ter também limitações enquanto legenda de oposição."
No dia seguinte às eleições, enquanto Montenegro se mantinha em silêncio, André Ventura, presidente do Chega, voltou a pressionar publicamente a AD, cobrando a inclusão da ultradireita nas negociações para o governo. "Se não houver nenhuma negociação, isso é humilhar o Chega e, então, votarei contra o Orçamento."

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