O governo dos Estados Unidos impôs, nesta quinta-feira (4), sanções contra quatro colonos israelenses na Cisjordânia. É a segunda vez que a Casa Branca implementa punições contra israelenses na Cisjordânia, ambas em consequência da violência contra palestinos na região, depois que Israel e o grupo Hamas entraram em guerra na Faixa de Gaza, em outubro.
O governo dos Estados Unidos impôs, nesta quinta-feira (4), sanções contra quatro colonos israelenses na Cisjordânia. É a segunda vez que a Casa Branca implementa punições contra israelenses na Cisjordânia, ambas em consequência da violência contra palestinos na região, depois que Israel e o grupo Hamas entraram em guerra na Faixa de Gaza, em outubro.
O governo israelense criticou a decisão. "A absoluta maioria dos colonos são cidadãos que respeitam a lei. Israel atua contra todos os que violam a lei em todas as partes", afirmou em um comunicado o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A medida tem também um viés eleitoral. Há uma comunidade muçulmana grande no Estado de Michigan, crucial para a disputa no colégio eleitoral em novembro, e o apoio do presidente Joe Biden a Israel no conflito tem afastado esse segmento da população do Partido Democrata. No histórico do conflito entre israelenses e palestinos, sanções contra colonos israelenses são raras, ainda que a Casa Branca costume pressionar Israel contra a ampliação desses assentamentos.
Os nomes dos quatro sancionados não foram divulgados neste primeiro momento, mas as autoridades americanas explicaram em uma conferência aos jornalistas que eles estão envolvidos em motins, ataques a civis ou danos a propriedades. Eles terão o acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos limitado, com bens que possam ter nos país bloqueados e serão impedidos de receber transações de americanos. Além disso, também estão proibidos de entrar nos Estados Unidos.
Ações violentas
Estas sanções estão contempladas em uma nova ordem executiva que Biden promoveu nesta quinta-feira e que visa punir as pessoas "que perpetuam violência" e aquelas "que participaram de repetidos atos de intimidação e destruição de propriedade, que levaram ao deslocamento forçado de comunidades palestinas".
Em dezembro, Washington já havia anunciado a proibição de entrada no país de colonos israelenses "radicais", considerados responsáveis pelos violentos ataques contra a população palestina na Cisjordânia ocupada.
Isso aconteceu depois de Biden ter dito que estava "alarmado" com os ataques dos colonos aos palestinos e ter exigido que parassem imediatamente os seus ataques. "Eles estão atacando os palestinos em lugares onde eles têm o direito de estar. Eles têm que parar, ser responsabilizados e parar agora", disse o presidente em entrevista coletiva.
Pressão eleitoral
Michigan, onde Biden participa nesta quinta-feira de um comício, é fundamental para as esperanças do presidente dos Estados Unidos obter um segundo mandato. Em 2020, ele venceu a disputa no Estado sobre o ex-presidente Donald Trump por 154.188 dos quase 5,5 milhões de votos obtidos naquele ano. Michigan é o lar de várias centenas de milhares de árabes-americanos, a maioria dos quais vive na área de Detroit. Essas áreas votaram com grandes margens em Biden em 2020.
Mas desde a guerra em Gaza, as pesquisas mostram que o presidente está perdendo apoio entre os palestinos e outros árabes americanos. Uma pesquisa realizada no final do ano passado mostrou que o apoio de Biden a essa população caiu de 59% para apenas 17%, uma queda de mais de 40 pontos percentuais desde a última eleição.
Biden tem enfrentado protestos da minoria árabe-americana. Recentemente, um grupo de manifestantes gritou "Cessar-fogo agora" durante a apresentação do presidente na Emanuel African Methodist Episcopal Church, na Carolina do Sul, em 8 de janeiro.
A raiva dirigida ao presidente é, em grande parte, alimentada pela crença de que seu governo não fez o suficiente para evitar a morte de milhares de palestinos.
Violência na Cisjordânia
A Cisjordânia vive a sua maior onda de violência desde a Segunda Intifada (2000-2005). Este ano, pelo menos 54 palestinos morreram, todos devido a tiros disparados pelas forças israelenses. Entre os mortos está um adolescente identificado como Tawfic Abdel Jabbar, de nacionalidade americana, que foi morto em meados de janeiro em Ramallah pelas forças israelenses.
Desde que a guerra eclodiu na Faixa de Gaza, a situação piorou e pelo menos 378 palestinos na Cisjordânia morreram - entre eles mais de 90 menores - devido a acontecimentos violentos no âmbito do conflito. As forças israelenses controlam militarmente a Cisjordânia desde 1967.