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Publicada em 03 de Fevereiro de 2024 às 18:41

Biden usa primária na Carolina do Sul como laboratório para voto negro

Segmento foi fundamental para Biden derrotar Donald Trump quatro anos atrás

Segmento foi fundamental para Biden derrotar Donald Trump quatro anos atrás

Mandel Nigan/ AFP/JC
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Folhapress
Com sua vitória nas primárias praticamente certa, a campanha de Joe Biden trata a votação na Carolina do Sul deste sábado (3) como um laboratório para o pleito geral, em novembro.
Com sua vitória nas primárias praticamente certa, a campanha de Joe Biden trata a votação na Carolina do Sul deste sábado (3) como um laboratório para o pleito geral, em novembro.
O eleitorado negro do estado foi responsável por ressuscitar a candidatura do presidente na disputa pela nomeação democrata em 2020, após duas derrotas consecutivas. Passados quatro anos, Biden busca novamente o impulso do segmento em sua difícil batalha pela reeleição - a ponto de ter alterado o calendário das primárias para isso, passando a Carolina do Sul à frente dos tradicionais Iowa e New Hampshire.
"Esta é a primeira vez que eleitores negros votarão primeiro em quem escolhem para presidente", disse a diretora do Partido Democrata na Carolina do Sul, Christale Spain, ao jornal The New York Times. "Nosso objetivo é levar às urnas o maior número possível de eleitores negros."
Assim, mais importante do que o resultado, o que importa neste sábado é a participação desse grupo demográfico, que corresponde a um quarto da população do estado segundo dados do censo americano.
Para isso, a campanha democrata dobrou a aposta no apelo explícito a ele. No último final de semana, Biden visitou uma barbearia e duas igrejas da comunidade negra. A vice-presidente, Kamala Harris, também participou de eventos no estado, assim como outros democratas da cúpula do partido, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom.
"Vou ficar surpreso se a participação estiver no mesmo nível que a de 2020 ou for maior. Seria uma excelente notícia para Biden", afirma à Folha o cientista político Todd Shaw, professor da Universidade da Carolina do Sul e ex-presidente da Conferência Nacional de Cientistas Políticos Negros.
O motivo pelo qual o engajamento não deve ser tão alto é que, diferentemente de 2020, as primárias democratas neste ano não são competitivas - os demais candidatos, Dean Phillips e Marianne Williamson, têm chances quase nulas e mal fizeram campanha no estado.
Por isso, segundo Shaw, o verdadeiro parâmetro é o quão mais baixa a participação nas urnas será neste sábado. Um grau muito inferior do que a do pleito anterior reforçaria um temor que paira sobre os democratas: a perda de apoio entre o eleitorado negro, segmento que foi fundamental para derrotar Donald Trump quatro anos atrás. "Qualquer descolamento da base de Biden pode afetá-lo porque a eleição vai ser muito acirrada", resume o pesquisador.
Embora haja pouca esperança de que o presidente vença em novembro na Carolina do Sul -a última vez em que o estado elegeu um presidente democrata foi em 1976-, o engajamento da população negra é um termômetro para o seu desempenho em estados de fato disputados, como Geórgia (onde 33% da população é negra), Carolina do Norte (22%) e Michigan (14%).
Se o resultado deste sábado for ruim, "é melhor para eles receberem essa notícia agora do que na Super Terça", completa Shaw, em referência ao dia em que 15 estados e um território realizam suas primárias, em 5 de março.
O alarme na campanha democrata foi disparado por pesquisas de opinião que mostram um aumento da rejeição a Biden entre a população negra. Em julho de 2022, por exemplo, 57% dos entrevistados com esse perfil faziam uma boa avaliação do presidente e 42%, uma ruim. Já em janeiro deste ano, a visão positiva havia caído para 48%, ligeiramente abaixo da negativa, então em 49%, segundo dados do instituto americano de pesquisas Pew Research Center.
 

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