Após diminuir pela metade o número de ministérios em relação ao governo anterior da Argentina, o presidente ultraliberal Javier Milei cortou mais uma pasta nesta semana - a da Infraestrutura, que será absorvida pela da Economia.
A fusão acontece depois da queda do ministro da Infraestrutura, Guillermo Ferraro, que ficou menos de dois meses no cargo. A informação, que vinha sendo noticiada pela imprensa local com base em fontes do governo, foi confirmada neste sábado (27) pelo Gabinete da Presidência.
"Nos próximos dias, o ministro da Infraestrutura, Guillermo Ferraro, apresentará sua renúncia por motivos pessoais", afirmou o órgão em uma publicação em seu perfil oficial no X.
Antes disso, na sexta-feira (26), Milei havia interagido com uma postagem na mesma plataforma que fazia menção à mudança. "Milei se livrou de um infiltrado, premiou o ministro que mais trabalha e fechou um Ministério. Tudo na mesma jogada. Infraestrutura passa a ser Secretaria e fica sob Caputo, que ganha mais poder no governo", diz o usuário na mensagem, que ganhou uma curtida do presidente argentino.
Conhecido de Milei há mais de 15 anos, Ferraro foi um dos primeiros nomes confirmados para o primeiro escalão do governo, ainda antes do segundo turno das eleições. A pasta que ele depois assumiu foi chamada de "megaministério" pela imprensa argentina em razão de sua abrangência -sob a sua alçada estavam as secretarias de Transporte, Obras Públicas e Comunicação.
Pouco a pouco, porém, o ministério foi sendo debilitado. Logo no início do governo, ele perdeu as suas áreas de Mineração e Energia. Em seguida, foi criada a Secretaria de Empresas Públicas, sob o poder do chefe de gabinete, Nicolás Posse.
A criação da secretaria tomou de Ferraro uma missão fundamental, que era implementar o modelo chileno, conhecido pelo viés liberal, às obras públicas da Argentina.
A ideia também era incentivar o setor privado a investir mais em infraestrutura no país. "A abordagem que temos é que o Estado tem que reduzir a sua participação na economia para dar espaço ao setor privado", afirmou o administrador a uma rádio local após ser anunciado como ministro.
Durante a campanha, Ferraro ainda participou da Coordenação Nacional de Supervisão da coalizão de Milei, A Liberdade Avança.
O administrador ocupou diversos cargos públicos antes de se juntar ao ultraliberal "anticasta". Em 2009, integrou o Ministério da Fazenda do Governo da Cidade de Buenos Aires e, entre 2002 e 2003, foi Subsecretário de Indústria na gestão do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde. Além disso, de 2005 a 2007, quando Néstor Kirchner estava no poder, foi presidente da estatal Nación Servicios, voltada para serviços de tecnologia.
Apesar do anúncio sem alardes do governo neste sábado, a imprensa local atribui a demissão ao vazamento dos bastidores de uma reunião de gabinete. Segundo fontes ouvidas pelos principais veículos argentinos,
Milei culpa Ferraro por tornar pública uma declaração sua durante o encontro.
"Vou deixá-los sem um tostão", teria afirmado o presidente sobre os governadores das províncias em meio às negociações para a aprovação da "lei ônibus", projeto que tem como principais objetivos a desregulamentação da economia e o corte de gastos públicos. O texto, que recebeu um parecer favorável de comissões da Câmara dos Deputados, deve ir a plenário na próxima semana.
"Vou deixá-los sem um tostão", teria afirmado o presidente sobre os governadores das províncias em meio às negociações para a aprovação da "lei ônibus", projeto que tem como principais objetivos a desregulamentação da economia e o corte de gastos públicos. O texto, que recebeu um parecer favorável de comissões da Câmara dos Deputados, deve ir a plenário na próxima semana.
A coalizão de Milei, A Liberdade Avança, tem uma pequena minoria dos parlamentares (37 dos 257 deputados e 7 dos 72 senadores). Por isso, ele depende de forças de centro e centro-direita para que as medidas sejam aprovadas -o que vinha causando tensão no governo.
Um dia antes da reunião, Caputo já havia dito que os repasses para as províncias seriam interrompidos se algum artigo econômico fosse rechaçado, na esperança de que os governadores pressionassem os deputados.
"Não é uma ameaça, é a confirmação de que vamos cumprir com o objetivo que a maioria dos argentinos nos deu, equilibrar as contas fiscais para acabar com décadas de inflação", afirmou o ministro da Economia.
Folhapress