O secretário de Energia da Argentina, Eduardo Rodríguez Chirillo, anunciou que o governo vai reduzir os subsídios das tarifas de gás nos próximos três meses, o que deve pressionar ainda mais a inflação. Segundo ele, os argentinos pagam atualmente 17,5% do custo de produção. O plano é que até o fim de abril o subsídio acabe.
De acordo com o jornal La Nación, os consumidores pagam US$ 0,7 por milhão de BTU (unidade de medida de gás natural), quando o custo médio é de US$ 4. "O restante, 82,5%, é pago por todos os cidadãos, independentemente de terem ou não um abastecimento", disse Chirillo.
A cada mês, 33% do subsídio será retirado até que o custo total seja repassado aos cidadãos. Apesar de não ser o único componente da tarifa de gás, o custo da produção é responsável por cerca de 40% do preço, segundo o jornal La Nación.
A redução dos subsídios está prevista desde o dia 12 de dezembro, quando o ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou o pacote para superar a crise fiscal da Argentina. Para o governo, as mudanças são necessárias para corrigir "distorções" deixadas pela gestão de Alberto Fernández. O setor de transporte também deve ser afetado.
As mudanças devem elevar a inflação, que em dezembro chegou a 160% em 12 meses. No mês passado, o presidente, Javier Milei, já havia projetado esse aumento. A inflação de dezembro, a primeira sob o novo governo, ficou em 21,2% na cidade de Buenos Aires. No país inteiro, Caputo projeta uma alta de 30% nos preços.
Aliado de Milei, o ex-presidente Maurício Macri tentou algo parecido, mas o plano foi rejeitado com protestos nas ruas. A iniciativa é apontada como uma das razões de sua derrota para Fernández, em 2019.
Na prática, os subsídios são uma ajuda que o governo dá às empresas para manter um controle de preços. Em vez de transferir valores diretamente aos beneficiários, como ocorre com programas sociais, o Estado repassa o valor às companhias de transporte, energia e gás, custeando a maior parte do consumo, enquanto a população paga um valor muito menor que o real.