Eleições argentinas polarizam políticos no Brasil; Milei é crítico contumaz de Lula

Por Folhapress

Argentine congressman and presidential candidate for La Libertad Avanza Alliance, Javier Milei, accompanied by his sister Karina Milei (L), waves after voting at a polling station in Buenos Aires, during the presidential election on October 22, 2023. Argentines head to the polls gripped by anxiety and with one thing in mind: to escape an economic quagmire that has seen annual inflation hit almost 140 percent. (Photo by Luis ROBAYO / AFP)
Integrantes da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da oposição usaram as redes sociais para comentar as eleições presidenciais da Argentina, que ocorrem neste domingo. Sergio Massa e Javier Milei vão disputar o segundo turno. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), declararam apoio a Javier Milei, candidato adepto da ideologia libertária. Ele defende a saída da Argentina do Mercosul, o fechamento do banco central do país e a adesão do dólar como moeda oficial. E já anunciou que, se eleito, irá romper as relações com o Brasil por considerar Lula comunista.
"Eu Milei, tu Milastes, ele Kirchinou, nós Milamos, Vós Milastes, eles Kirchinaram. Argentina Libre!", declarou Ciro na rede social X (antigo Twitter), sinalizando apoio ao candidato Javier Milei e crítica ao kirchnerismo, grupo do ex-presidente Néstor Kirchner e da atual vice Cristina Kirchner, que apoiam o candidato governista Sergio Massa.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-ministro da Justiça na gestão de Bolsonaro, defendeu o voto contra Massa, que é apoiado pelo atual presidente argentino, Alberto Fernandéz. O parlamentar destacou que Milei e Patricia Bullrich (candidata do grupo do ex-presidente Mauricio Macri) "representam a oportunidade para o adiós ao kirchnerismo". Massa é um político vinculado ao peronismo, assim como a família Kirchner.
Milei já recebeu apoio do próprio Bolsonaro e um grupo de 69 deputados bolsonaristas preparou uma carta a ser entregue a ele neste domingo, dia das eleições, com críticas ao presidente Fernández, um dos principais aliados do presidente Lula na América Latina. Eles citam o alto índice de inflação e tentam ligar a esquerda argentina a regimes autoritários. O documento seria entregue em mãos pelos deputados Rodrigo Valadares (União-SE), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Já deputados aliados à base de Lula, como Rogério Correa (PT-MG), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) compartilharam um vídeo que compara Milei a Bolsonaro, mas não declararam apoio a nenhum candidato. "Se eleito, será uma tragédia para o país tão grande quanto foi o inelegível no Brasil", disse Jandira.
Milei é crítico contumaz de Lula, já o chamou de presidiário, ladrão e comunista e chegou a prometer cortar as relações com o Brasil, caso eleito.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB-RJ) se manifestou a favor de Massa, que segundo ele, "foi excelente Presidente da Câmara dos Deputados, e tem atuado de forma muito importante à frente do Ministério da Economia, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela Argentina".
O governista Sergio Massa é o candidato mais próximo do governo brasileiro, já que Lula é aliado declarado do atual presidente Alberto Fernandéz. O Brasil chegou a atuar para liberação de empréstimo de US$ 1 bilhão para a Argentina, por meio do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). A estratégia fortalece o nome de Massa no pleito.
Indiferente a quem vença as eleições argentinas, Lula já afirmou que pretende manter as relações com o País vizinho. "Quando tiver uma eleição, o Brasil, enquanto Estado, vai negociar com o Estado argentino, independentemente de quem seja o presidente", afirmou, em entrevista coletiva em agosto, depois de uma reunião de cúpula do Brics.