Eleição na Argentina: tudo que você precisa saber para entender a corrida à Casa Rosada

São três candidatos na disputa que vai ser neste domingo

Por Agência Estado

Trabalhadores verificam urnas dentro de um armazém dos correios argentinos em 20 de outubro de 2023 em Buenos Aires, antes das próximas eleições presidenciais em 22 de outubro.
A Argentina elege neste domingo (22) o novo presidente, que assumirá um país em crise, onde a inflação galopante chega a quase 140% no ano, o dólar segue em disparada e a pobreza atinge 40% da população. Diante da crise e da frustração dos argentinos, o libertário Javier Milei despontou como o favorito para assumir a Casa Rosada.

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Milei ascendeu na política argentina nos últimos anos com um discurso contra o sistema e propostas radicais como dolarizar a economia e "dinamitar o Banco Central". Com isso, ele chamou a atenção de eleitores frustrados com os partidos tradicionais e foi crescendo como uma terceira força política. Até que nas PASO, as primárias argentinas, surpreendeu e saiu em primeiro lugar, com 30% dos votos, bem acima do que projetavam todas as pesquisas.

O favoritismo do novo outsider na política, no entanto, esbarra em ideias mais indigestas para o eleitorado. O libertário já chegou a defender a venda de órgãos, negou o número de vítimas da ditadura argentina e se viu obrigado a recuar na ideia da liberação das armas, depois de muita polêmica.

Ainda nas primárias, consideradas um termômetro, a coalizão Juntos pela Mudança, de oposição, ficou em segundo lugar com 28% dos votos e confirmou o nome da ex-ministra Patricia Bullrich como representante da direita tradicional da disputa. Já os peronistas, que hoje governam o país, terminaram logo atrás com 27% dos votos para a coalizão Juntos pela Mudança, encabeçada pelo atual ministro da economia, Sergio Massa.

O representante do peronismo tem a difícil missão de ser o candidato de continuidade do governo mais impopular em duas décadas. As crises internas do peronismo e a inflação descontrolada abalaram o governo de Alberto Fernández, que sequer tentou a reeleição, e praticamente desapareceu do cenário político durante a campanha.

Ele assumiu um "superministério" da Economia no ano passado, para socorrer o governo no meio de uma crise interna e alega que as medidas adotadas até aqui são parte de uma transição. Em linhas gerais, ele defender que a Argentina precisa de uma política de incentivo a exportações combinada com a redução dos gastos para enfim sair do endividamento e superar a crise.

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A ideia agrada os mais moderados, que temem o radicalismo de Javier Milei e, depois de sair atrás nas primárias, as pesquisas agora indicam que Sergio Massa deve chegar ao segundo turno.

Patricia Bullrich, a ex-ministra de Mauricio Macri, apostou no discurso "linha dura" na segurança - preocupação cada vez maior entre os eleitores argentinos - mas foi cobrada por mais clareza na pauta econômica. Apesar do bom desempenho no último debate, ela acabou sendo isolada pela polarização entre o peronista e o libertário na reta final da campanha.

Em um eventual segundo turno, as pesquisas parecem consolidar a vantagem do libertário, mas o cenário ainda é muito incerto. O número de indecisos, brancos e nulos para novembro ainda é muito alto e a participação tende a ser decisiva nas eleições argentinas. Se confirmar o seu favoritismo, Milei será o primeiro presidente libertário da Argentina. Uma guinada no país que foi governado por peronistas por 16 dos últimos 20 anos.