Buenos Aires: a cidade que escolheu Patricia Bullrich e rejeita Milei

Capital serve como uma vitrine para a gestão da coalizão opositora ao governo

Por Agência Estado

Nem Milei nem o peronismo conseguem adentrar a disputa na capital portenha
Buenos Aires foi uma das poucas cidades que não se pintou inteira de violeta, cor da coalizão A Liberdade Avança, de Javier Milei, como ocorreu em quase todo o país durante as eleições primárias de agosto. A capital argentina, que concentra o maior eleitorado do país, ainda mantém uma certa fidelidade com o Juntos pela Mudança, coalizão de Patricia Bullrich, ainda que na província de Buenos Aires quem se saia melhor seja o governo do peronista Sergio Massa.
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Buenos Aires serve como uma vitrine para a gestão da coalizão opositora ao governo. Seu líder, o ex-presidente Mauricio Macri, foi prefeito da cidade antes de se lançar nacionalmente. Um caminho que é natural dentro do Proposta Republicana (PRO), seu partido. Esperava-se que o mesmo ocorresse com Horacio Rodríguez Larreta, que é o atual prefeito e tentou ser candidato a presidente. Mas frente ao sentimento de cansaço do argentino, foi Bullrich com seu discurso de segurança que ganhou a vaga nas eleições primárias.
Nem Milei nem o peronismo conseguem até o momento adentrar a disputa portenha. "O eleitorado da cidade de Buenos Aires é o que há muitos anos vota na aliança entre o PRO, a União Cívica Radical e a Coalizão Cívica, que formam o Juntos pela Mudança", explica o professor de Ciência Política da Universidade de Buenos Aires, Facundo Galván. "Os setores médios não estão inclinados a votar opções peronistas ou opções outsiders. Historicamente, a capital federal foi um eleitorado radical, mais progressista e mais de classe média."
"A cidade de Buenos Aires é o setor dos conservadores, nunca foi governada pelo peronismo, sempre foi governada pelos partidos conservadores e sempre esteve mais associada aos setores do radicalismo, depois ao PRO quando surgiu como um partido", concorda o cientista político e sociólogo Sebastián Cruz Barbosa.
Basta caminhar nas ruas da capital, especialmente das regiões de Palermo e Recoleta, para encontrar alguém que admira Patricia. A candidata, por mais que venha de uma das famílias mais tradicionais da política argentina, conquista o eleitorado que quer uma mudança, mas sem apelar à explosão do Banco Central, afirma.
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Consolidando esta preferência pelo Juntos pela Mudança na cidade, Jorge Macri, primo de Mauricio Macri é o favorito para vencer a disputa para a prefeitura, sendo seguido por Leandro Santoro, do peronismo, e Ramiro Marra, candidato de Milei.