Mortes, que já passam de 11 mil, teriam sido evitadas se o país não vivesse caos político

Chefe da OMM disse que parte da rede de observação meteorológica na Líbia foi destruída durante conflitos internos

Por Folhapress

Governo local prevê que o número de óbitos no município de Derna pode chegar a 20 mil
Milhares de mortes nas inundações que atingiram a Líbia poderiam ter sido evitadas se o país não fosse rompido politicamente e se o Estado investisse em um serviço meteorológico funcional, capaz de emitir alertas, disse nesta quinta-feira (14) o chefe da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.
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Segundo Taalas, o poder público na Líbia "não funciona normalmente", o que restringiu um trabalho de prevenção antes da catástrofe e agora dificulta os esforços de resgate. O país do Norte da África é dividido entre governos a Leste e a Oeste, reconhecido pela comunidade global e com sede na capital, Trípoli - como consequência de revoltas e conflitos que se prolongam desde 2011.
"As inundações vieram e não houve retirada dos moradores porque não havia sistemas de alerta adequados", disse ele. "[Se os sistemas fossem eficientes] as autoridades de emergências teriam sido capazes de realizar a retirada das pessoas. E poderíamos ter evitado a maioria das vítimas humanas."
Ao menos 11 mil mortes foram confirmadas após a passagem da tempestade tropical Daniel e o rompimento de duas barragens, que provocaram uma enxurrada. A cidade de Derna, no Leste, foi a mais atingida, e o prefeito Abdulmenam al-Ghaith disse que o número de óbitos no município pode chegar a 20 mil - milhares de pessoas continuam desaparecidas quatro dias após o incidente.
O chefe da OMM disse que parte da rede de observação meteorológica na Líbia foi destruída durante conflitos internos. O país vive instabilidade desde o levante apoiado pela Otan, a aliança militar ocidental, em 2011, que levou no mesmo ano à morte do ditador Muammar Gaddafi, na esteira da Primavera Árabe.
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O prefeito de Derna manifestou ainda preocupação com um possível surto de doenças causadas por corpos em decomposição. "Precisamos de equipes especializadas na recuperação de corpos. Temo que a cidade seja infectada por uma epidemia devido ao grande número de corpos sob os escombros e na água", comentou.