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Índia

- Publicada em 22 de Setembro de 2023 às 19:23

Entenda como a Índia pode mudar seu nome para Bharat

Narendra Modi usou Bharat em sua placa de identificação durante o evento do G-20

Narendra Modi usou Bharat em sua placa de identificação durante o evento do G-20


Ricardo Stuckert / PR/divulgação jc
A reunião do G-20 - grupo formado pelas 19 maiores economias mundiais, mais uma representação da União Europeia - ocorreu nos dias 9 e 10 de setembro, e foi sediada na Índia. Os convites oficiais enviados por Nova Delhi, no entanto, convocaram os líderes mundiais para o jantar oficial recepcionado pelo presidente de “Bharat”. O uso do nome causou polêmica, que cresceu ainda mais durante os dias do evento em que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, usou Bharat em sua placa de identificação, alimentando rumores de que o líder do país deseja mudar o nome oficial. O uso do termo tem relação com as inclinações do partido do primeiro-ministro, o Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata Party), de aproximar as políticas da Índia com suas raízes étnicas hindus. O termo Bharat tem origem no sânscrito, língua ancestral do hindi e basilar na cultura da Índia e do Nepal. Apesar de ainda ser usado dentro da Índia como sinônimo para o nome do país, era mais utilizado antigamente de forma oficial, estando inclusive presente no primeiro artigo da constituição indiana ao denominar o território: “Índia, que é Bharat”. A relutância de muitos representantes nacionalistas indianos em usar o termo Índia, deriva do fato de ser um nome escolhido pelo Reino Unido, durante a colonização. O governo indiano fez uma movimentação, nos últimos anos, de trocar nomes provenientes do período em que era colônia, como forma de autodeterminação e de busca por suas raízes.O chefe de estado não se pronunciou sobre a mudança durante o G-20 Summit, mas o partido parece estar comprometido com a possibilidade de mudança. No entanto, a transição de nome de um país é um processo demorado e burocrático, e deve levar em conta o resultado das eleições indianas, que serão em 2024. Membros do partido opositor ao BJP, que possui como nome o acrônimo da palavra INDIA (Aliança Inclusiva para Desenvolvimento Nacional Indiano, em português), comentaram que a mudança de nome pode ir além de desprendimentos colonialistas, e estar sendo usada como apoio para as eleições e como fachada para os problemas do atual governo, de acordo com o jornal The Economist. A iniciativa de Modi tem potencial relação com a política de “Uma Índia”, defendida pelo BJP, que busca unificar o país, e que tem o interesse no momento de unificar os períodos eleitorais dos estados. A nação atualmente possui uma estrutura parcialmente descentralizada, em que os estados possuem certa autonomia governamental. Apesar de não ter sido anunciado oficialmente, o uso do título na reunião do G-20 tem peso internacional, e foi comentado entre representantes e líderes das nações. Este tipo de demonstração em reuniões oficiais chama atenção para o cenário político, especialmente o eleitoral, da Índia.
A reunião do G-20 - grupo formado pelas 19 maiores economias mundiais, mais uma representação da União Europeia - ocorreu nos dias 9 e 10 de setembro, e foi sediada na Índia. Os convites oficiais enviados por Nova Delhi, no entanto, convocaram os líderes mundiais para o jantar oficial recepcionado pelo presidente de “Bharat”. O uso do nome causou polêmica, que cresceu ainda mais durante os dias do evento em que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, usou Bharat em sua placa de identificação, alimentando rumores de que o líder do país deseja mudar o nome oficial.

O uso do termo tem relação com as inclinações do partido do primeiro-ministro, o Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata Party), de aproximar as políticas da Índia com suas raízes étnicas hindus. O termo Bharat tem origem no sânscrito, língua ancestral do hindi e basilar na cultura da Índia e do Nepal.

Apesar de ainda ser usado dentro da Índia como sinônimo para o nome do país, era mais utilizado antigamente de forma oficial, estando inclusive presente no primeiro artigo da constituição indiana ao denominar o território: “Índia, que é Bharat”. A relutância de muitos representantes nacionalistas indianos em usar o termo Índia, deriva do fato de ser um nome escolhido pelo Reino Unido, durante a colonização. O governo indiano fez uma movimentação, nos últimos anos, de trocar nomes provenientes do período em que era colônia, como forma de autodeterminação e de busca por suas raízes.

O chefe de estado não se pronunciou sobre a mudança durante o G-20 Summit, mas o partido parece estar comprometido com a possibilidade de mudança. No entanto, a transição de nome de um país é um processo demorado e burocrático, e deve levar em conta o resultado das eleições indianas, que serão em 2024.

Membros do partido opositor ao BJP, que possui como nome o acrônimo da palavra INDIA (Aliança Inclusiva para Desenvolvimento Nacional Indiano, em português), comentaram que a mudança de nome pode ir além de desprendimentos colonialistas, e estar sendo usada como apoio para as eleições e como fachada para os problemas do atual governo, de acordo com o jornal The Economist.

A iniciativa de Modi tem potencial relação com a política de “Uma Índia”, defendida pelo BJP, que busca unificar o país, e que tem o interesse no momento de unificar os períodos eleitorais dos estados. A nação atualmente possui uma estrutura parcialmente descentralizada, em que os estados possuem certa autonomia governamental.

Apesar de não ter sido anunciado oficialmente, o uso do título na reunião do G-20 tem peso internacional, e foi comentado entre representantes e líderes das nações. Este tipo de demonstração em reuniões oficiais chama atenção para o cenário político, especialmente o eleitoral, da Índia.