O líder da Síria, Bashar al-Assad, desembarcou na China nesta quinta-feira (21), em sua primeira visita ao país asiático desde 2004. A viagem tem como objetivo dar mais um passo em direção ao fim do isolamento diplomático imposto a Damasco desde o início da guerra civil em seu território, 12 anos atrás.
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Assad foi raramente visto longe de seu país natal desde o começo do conflito e, entre 2011 e 2021, viajou apenas para a Rússia e o Irã. Na sexta-feira (22), o sírio se encontra com Xi Jinping na capital, Pequim, antes de embarcar em uma turnê por várias cidades chinesas.
Ser visto ao lado do líder chinês promete aumentar a legitimidade da campanha de Assad para retornar ao cenário internacional. Entre o ano passado e este, seu regime conseguiu avançar bastante nesse sentindo, primeiro juntando-se à Iniciativa Cinturão e Rota da China e, depois, e de forma mais representativa, sendo readmitida na Liga Árabe.
O grupo de 22 países tinha expulsado o regime em novembro de 2011, as repressões aos manifestos antigovernamentais que ocorreram no período denominado Primavera Árabe.
A China, assim como a Rússia e o Irã manteve seus laços com Assad mesmo no auge de seu isolamento diplomático. O país asiático, que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e, portanto, tem poder de vetar suas resoluções, também impediu a instituição de aplicar sanções multilaterais sobre a Síria diversas vezes.
Ao contrário de Moscou e Teerã, porém, Pequim não apoiou diretamente os esforços de Assad para retomar o controle do país. Investigadores comissionados pela ONU afirmam que bombardeios russos e milícias apoiadas pelo regime iraniano são responsáveis pela maioria das mais de 200 mil mortes de civis ocorridas desde o início do conflito.
A Síria tem importância estratégica para os chineses em razão de sua localização: está situada entre o Iraque, fornecedor de cerca de um décimo do petróleo consumido pela China; a Turquia, ponto final de diversos corredores econômicos entre a Europa e a Ásia; e a Jordânia, tradicional mediadora de disputas no Oriente Médio.
Analistas sugerem, porém, que a decisão de Xi de receber Assad tem menos a ver com economia e mais com qual é a imagem que ele deseja passar ao mundo. SegundoAlfred Wu, professor associado da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, em Singapura, em seu terceiro mandato, Xi tem buscado "desafiar abertamente os Estados Unidos". Uma das formas que encontrou para fazer isso foi aproximando-se de países isolados pelo Ocidente. Só este ano, por exemplo, recebeu os ditadores Aleksandr Lukashenko, da Belarus; Ebrahim Raisi, do Irã; e Nicolás Maduro, da Venezuela.